Portugal com 27,8 óbitos por um milhão de habitantes a 14 dias. Ao atual ritmo, dentro de duas semanas poderemos chegar ao limiar da libertação.
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A taxa de letalidade por covid-19 está a cair, atualmente, 2,4% ao dia. Estando agora Portugal com 27,8 óbitos por um milhão de habitantes nos últimos 14 dias. Ao atual ritmo, dentro de duas semanas poderemos chegar ao limiar dos 20 óbitos/milhão que permitirá a libertação total de medidas prevista pelo Governo. Contudo, é preciso apurar ainda o impacto da subida de novas infeções registada por altura do Carnaval e um possível efeito retardador.
Os cálculos são feitos pelo matemático Carlos Antunes ao JN, que continua a modelar a pandemia no nosso país. Dando conta de uma média diária de 17,3 óbitos diários, para um número médio diário de 11 500 novas infeções, após um mínimo de 1414 casos a 5 de março. Tendência descendente segue, também, o R, agora no patamar de 1.0.
Análise que "confirma o efeito do Carnaval, com impacto apenas numa subida e rápida descida nos jovens e jovens adultos, dos 10-29 anos", explica o professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Destacando, ainda, uma interrupção da descida nos internamentos, que estão agora nos 1153, "com 60 em Unidades de Cuidados Intensivos".
"Ao ritmo atual" diz Carlos Antunes, dentro de "14-15 dias" poderemos chegar ao limiar definido pelo Executivo, alinhado com o Centro Europeu para Prevenção e Controlo das Doenças, dos 20 óbitos/milhão. Contudo, sublinha, desconhece-se ainda "se esta alteração no número de casos, em particular este ligeiro aumento das últimas semanas, terá algum efeito retardador, podendo adiar para mais tarde essa meta". Tanto mais que "os internamentos interromperam a descida".
Mortalidade em janeiro
Analisando ainda a mortalidade no nosso país, dados esta semana divulgados pelo gabinete de estatísticas europeu (Eurostat) colocam Portugal com o melhor registo entre os Estados-membros. Em janeiro deste ano, a mortalidade ficou 4,8% abaixo da média registada no período 2016-2019, quando na União Europeia, apesar da tendência descendente, fechou com excesso (+7,7% - ver infografia). Desde janeiro de 2020, este é o segundo melhor registo de Portugal, após abril do ano passado (-6,4%) - ver infografia.
Valor que contrasta com o verificado no fatídico janeiro de 2021, com a mortalidade, de acordo com o Eurostat, 60,5% acima da média. Altura em que, expurgada a covid, todos os dias, em média, registaram-se 25 óbitos em excesso. Pior desempenho naquele mês só mesmo o da Eslováquia (+75%). Voltando a Portugal, seguiu-se novembro de 2021, com +26,4%; e julho de 2021, +25,8%, conjugado com uma onda de calor.
O Eurostat informa, ainda, que entre janeiro de 2020 e o final de janeiro de 2022 há registo de mais de 1,2 milhões de mortes em excesso na UE face à média do período 2016-2019.
Incidência
Os cálculos de Carlos Antunes colocam Portugal com uma incidência de 1550 casos a 14 dias por 100 mil habitantes. O R desceu agora para 1.0.
Positividade
De acordo com o último relatório das Linhas Vermelhas do INSA, numa semana a taxa de positividade disparou 49% para os 20,1%, cinco vezes acima do limiar.
A lupa
Alerta até dia 30
O Conselho de Ministros prolongou, ontem, a situação de alerta até ao dia 30, mantendo-se inalteradas as medidas em vigor, como a obrigatoriedade do uso de máscara em espaços interiores públicos, serviços de saúde e transportes. Este é o nível de resposta mais baixo a situações de catástrofes.
Libertação
A DGS projetou para 3 de abril o dia em que o país se poderá libertar de todas as medidas restritivas, ficando abaixo dos 20 óbitos/milhão. Aí chegados, preconiza-se apenas a promoção de máscara perante sintomas ou perceção de risco.