É assim há 107 anos e assim continuará, apesar do Parlamento Europeu ter aprovado, em 2019, o fim da mudança da hora. Esta madrugada de domingo, os ponteiros do relógio vão ser adiantados uma hora, ficando os dias mais longos. Uma medida que continua a ter o apoio do diretor do Observatório Astronómico de Lisboa, Rui Agostinho, autor do relatório usado, então, pelo Governo para Portugal manter a mudança da hora.
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Nesse sentido, a hora muda quando for 1 hora da manhã no território nacional e na Região Autónoma da Madeira. Os relógios adiantam 60 minutos e passam, então, a marcar 2 horas. Já na Região Autónoma dos Açores, essa mudança acontece à meia-noite.
O atual regime de mudança de hora na União Europeia é regulado por uma diretiva que determina que, todos os anos, os relógios têm que ser adiantados ou atrasados uma hora, no último domingo de março e no último domingo de outubro.
Porém, em março de 2019, o Parlamento Europeu aprovou, sob proposta da Comissão Europeia, o fim da mudança da hora, com entrada em vigor em 2021. Foi feita uma consulta pública, em que 4,6 milhões de cidadãos defenderam o fim da mudança da hora, tal como 85% dos portugueses.
Mas o Governo português optou por manter a troca de horário, baseando-se num relatório do diretor do Observatório Astronómico de Lisboa, onde se concluiu que isso "permite a utilização de um final de dia mais duradouro em luz solar direta, o que favorece o desenvolvimento de atividades complementares (exercícios físicos, de lazer ou culturais) e do bem estar".
Quatro anos depois, Rui Agostinho não mudou de ideias. "O sol e a terra mantêm a mesma órbita, a inclinação do eixo é a mesma e a nossa atividade social é a mesma", justifica ao JN.
Guerra da Ucrânia não justifica que se mantenha horário
A primeira vez que se alterou a hora foi durante a I Guerra Mundial, em 1916, com o intuito de se poupar recursos indispensáveis, como o carvão, potenciando-se as horas de luz solar.
A questão da poupança energética foi levantada durante o inverno, criando-se planos nacionais para esse efeito. No entanto, não justifica que se acabe com o horário de verão, crê o diretor do Observatório Astronómico de Lisboa.
"Não temos um défice de combustíveis e somos um país que se gaba de ter 60% de produção energética com base em renováveis. Além disso, o nosso gás não vem daquela zona. Que impacto isso teria?", argumenta Rui Agostinho.