O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, expressou, este sábado, o apoio de Lisboa à presidência da Guiné-Bissau da CPLP, admitida pelo homólogo guineense, Geraldo Martins.
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O chefe do executivo português fez uma escala técnica em Bissau, para cumprimentar o novo primeiro-ministro guineense, na viagem entre Lisboa e São Tomé e Príncipe, onde participa na cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), agendada para domingo.
A questão da próxima presidência tem estado em discussão devido à ausência de um posicionamento definitivo da Guiné-Bissau, que devia assumir a próxima, de acordo com o sistema rotativo por ordem alfabética dos países que compõem a organização e com a manifestação de interesse dos mesmos.
Na véspera da cimeira, as autoridades guineenses ainda não clarificaram a questão levantada pelo presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, que disse recentemente que o país podia abdicar.
Entretanto, a Guiné Equatorial anunciou que quer presidir à organização, mas o país que vai suceder a São Tomé e Príncipe na presidência da CPLP só será aprovado no domingo pelos chefes de Estado e de Governo dos países-membros.
No encontro de hoje com o homólogo português, o primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Geraldo Martins, admitiu que o país pode ocupar o lugar, "se os membros da organização entenderem que a Guiné-Bissau pode efetivamente assumir esse papel".
"Em função de como as coisas correrem veremos, mas a Guiné-Bissau é um país que está sempre interessado em assumir a sua posição de participação plena nestas organizações", afirmou, à margem do encontro com o homólogo português.
António Costa indicou que transmitiu à Guiné-Bissau que, se o país avançar, "contará com o apoio de Portugal".
Para Costa, "seria um excelente sinal" a CPLP ser agora liderada por um país que acabou de presidir à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
"A Guiné-Bissau acaba de desempenhar a presidência da CEDEAO, demonstrou excelentes capacidades, tem todas as condições para assumir a presidência da CPLP", considerou.
O chefe do executivo português salientou que reforçaria até "o sinal de algo que é muito importante, é que a CPLP não é só um conjunto de países que estão unidos pela língua".
"É um conjunto de países que estão unidos pela língua e que acrescentam cada um deles a diversidade de estarem inseridos em outros espaços regionais e essa diversidade ajuda a que a CPLP seja um ponto de contacto de várias regiões à escala global", referiu.
Ao contrário do homólogo português, o primeiro-ministro da Guiné-Bissau não participa na cimeira da CPLP, organização que integra Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. A Guiné-Bissau é representada na cimeira pelo presidente Umaro Sissoco Embaló.
Marcelo defende que Guiné-Bissau deve assumir próxima presidência
O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou, este sábado, que deve ser a Guiné-Bissau a assumir a próxima presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) por um mandato de dois anos.
"É muito simples. O que estava definido desde a cimeira de Luanda era que a Guiné-Bissau fosse o país escolhido e votado nesta cimeira", afirmou o chefe de Estado português à chegada a São Tomé e Príncipe, onde vai participar na cimeira da CPLP, no domingo.
Questionado pelos jornalistas sobre o apoio hoje manifestado pelo primeiro-ministro, António Costa, à presidência da Guiné-Bissau da CPLP, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que "foi isso que foi objeto de consenso". "Não vejo razão para deixar de ser, deve ser na Guiné-Bissau e por dois anos", defendeu.
O presidente da República considerou que "é isso que está decidido e é isso que deve ser consagrado nesta cimeira", recusando uma alteração das regras da presidência da CPLP.
Marcelo Rebelo de Sousa viajou para São Tomé e Príncipe num avião da TAP e aterrou poucos minutos antes das 18 horas local (menos uma hora do que em Lisboa).
O chefe de Estado considerou que a realização desta cimeira em São Tomé e Príncipe constitui "uma grande vitória do povo e das autoridades" daquele país e disse esperar "uma grande reunião, cheia de sucesso".
"As conclusões são muito boas sobre o tema da juventude, o tema do desenvolvimento sustentável, sobre a importância que tem o clima, a redução da pobreza e das desigualdades, o aumento do emprego, a mobilidade, a transição na energia, a aproximação entre povos da CPLP, dentro da comunidade, e da comunidade em relação ao exterior", elencou, apontando que esta organização está "presente em todos os continentes".
Marcelo Rebelo de Sousa destacou também que existem "quatro chefes de Estado que foram entretanto eleitos entre a cimeira de Luanda e esta cimeira", nomeadamente do Brasil (Lula da Silva), Cabo Verde (José Maria Neves), São Tomé (Carlos Vila Nova) e Timor-Leste (José Ramos-Horta).
O presidente da República realçou ainda o caso do Brasil que, "regressa em cheio a uma presença nas cimeiras da CPLP", depois de terem existido reuniões "em que a representação não esteve ao mais alto nível".
Sobre a juventude, o presidente português apontou que em Portugal a sociedade está "muito envelhecida", ao contrário do que acontece noutros dos países da organização, mas apontou que muitos dos problemas com que todos estes jovens se veem confrontados "são os mesmos", sendo necessário encontrar em conjunto, nesta cimeira, uma "forma de corresponder aos seus anseios".
A CPLP realiza a 14.ª conferência de chefes de Estado e de Governo, em São Tomé e Príncipe, no domingo, sob o lema "Juventude e Sustentabilidade".