A reserva estratégica de cereais do País foi duplicada desde que começou a guerra na Ucrânia, passando de 15 dias para um mês. A revelação foi feita ontem pela ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, à margem da inauguração do Mercado Municipal de Leiria.
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A governante disse acreditar que não haverá falhas no abastecimento e anunciou que Portugal quer mais do que duplicar a produção de cereais. Atualmente, o País produz 18% do que consome, a meta é que se aproxime dos 40%.
Questionada sobre as repercussões da atual crise dos cereais, resultante da guerra na Ucrânia, a ministra adiantou que o País conseguiu encontrar "mercados alternativos" para a importação, nomeadamente na América do Norte, América do Sul e África do Sul. "Portugal está fornecido e tem uma reserva estratégica maior do que tinha no início desta guerra e desta crise dos cereais", disse a governante, assegurando que, "neste momento, estão garantidas as condições para não haver falhas nos nossos "stocks" e no abastecimento de cereais" no País.
Aumentar a produção
Mas, tão importante como assegurar o fornecimento no curto prazo, a titular da pasta da Agricultura entende que é preciso olhar para o futuro e reforçar a autonomia alimentar do País. "Portugal produz atualmente 18% dos cereais que consome. Há uma estratégia para aumentar até 38%", revelou Maria do Céu Antunes, assinalando, no entanto, que o País "não tem condições naturais, de solo e de clima, para poder ser competitivo com outras geografias, nomeadamente até ao nível da Europa".
Apesar desses constrangimentos, a governante acredita que é possível "aumentar a autonomia estratégica", através de um conjunto de investimentos que irão "estimular" os agricultores a apostar na inovação e no desenvolvimento tecnológico, de forma a "melhorar a qualidade dos solos, que são pobres", e a "disponibilidade de água", para haver "cereais regados" e, dessa forma, mais produtivos.
A ministra anunciou que, a partir de janeiro de 2023, será aberto um "novo pacote financeiro com regras novas para estimular a agricultura e a transformação em Portugal". Além de promover "o rejuvenescimento do setor", pretende-se "ajudar os nossos agricultores a fazerem uma transição agroambiental, ou seja, utilizar a tecnologia e o conhecimento para produzir mais, usando menos recursos e, com isso, ganharem também competitividade".
A ministra disse ainda que a aposta no setor primário é o "grande desígnio" do País, que tem vindo a "equilibrar um desequilíbrio que é estrutural" da balança comercial. "Mesmo durante a pandemia, as exportações portuguesas continuaram a aumentar a um ritmo de 5% ao ano, semelhante ao que vinha a acontecer nos últimos dez anos", destacou. Já no primeiro trimestre deste ano, o setor agroalimentar conseguiu que as exportações crescessem "mais de 13%, sem deixar de alimentar os portugueses".