Portugal é o segundo país da União Europeia com mais reformas antecipadas
Mais de um terço dos portugueses que parou de trabalhar em 2023 optou por fazê-lo antes de atingir a idade legal, tornando Portugal no 2.º país da União Europeia (UE) com mais reformas antecipadas nesse ano e com mais do dobro da média comunitária.
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Segundo o Eurostat, 38,3% dos aposentados portugueses sofreram um corte na reforma, valor apenas superado pelo Chipre, com 45,8%, e muito acima dos 19,4% apurados na UE. A saúde é um dos principais motivos, justificando 16,8% das pensões de velhice. Só na Estónia é que este indicador é mais alto (29,5%), enquanto a média europeia é de 6,8%.
“Se o trabalhador vai para a reforma antecipada é porque está numa situação extremamente difícil em termos de saúde, quer física quer psicológica. Os cortes são tão grandes que ninguém gosta de receber pensões extremamente baixas. As pessoas vão já no desespero”, considera Eugénio Rosa, economista ligado à CGTP, apontando que apesar de a esperança de vida estar a aumentar, o tempo de vida saudável está a diminuir. Já João Cerejeira, professor de Economia na Universidade do Minho (UM), indica que a percentagem elevada pode estar relacionada com o início precoce na vida laboral. "Há uma geração que teve uma frequência escolar reduzida, nem sequer o Ensino Secudário terminou, e começou a trabalhar muito jovem, com 14 ou 15 anos. E, portanto, chega aos 40 anos de descontos agora, com 60 e poucos anos. Quando as pessoas chegam aos 40 anos de descontos, tendem a pedir a reforma", explica.