Covid-19: Portugal é o sétimo pior da Europa em infetados e o terceiro em mortes
Portugal tem o terceiro pior registo na Europa na mortalidade e sétimo pior na taxa de incidência do vírus.
Corpo do artigo
No dia em que pelo menos 98 mil jovens de 16 e 17 anos foram vacinados contra a covid-19, Portugal atingiu um milhão de infetados. O país registou mais 2571 novos casos - fixando o total nacional em 1001 118 - e 12 mortos. Portugal apresenta o terceiro pior registo da Europa em termos de média de mortes a 14 dias por milhão de habitantes, bem como a sétima pior marca a nível de incidência do vírus. Ainda assim, o número de internamentos voltou a baixar. O grupo de trabalho para o plano de vacinação estimou que, até ao final do dia, terão sido vacinados 105 mil dos 165 mil que estão agendados para este fim de semana.
O coordenador do grupo de trabalho, Gouveia e Melo, não escondeu a satisfação por os jovens terem aderido à vacina. "Andei pelos centros [de vacinação] de manhã e vi muita gente alegre por poder, finalmente, ser vacinada", afirmou o vice-almirante, de visita a um local de vacinação em Loures. "Estou muito confiante de que isto vai correr muito bem", referiu, acrescentando que, num universo de cerca de 200 mil jovens, houve "mais de 160 mil" a fazer o autoagendamento.
14033280
Os jovens, que receberam a vacina da Pfizer, acorreram em massa, do Norte ao Sul do país. Em alguns centros de vacinação, como Cascais, Loures ou Odivelas, houve animação com música e DJ e alguns funcionaram até à uma da manhã. Nem isso chegou para eliminar toda a tensão: "Quando fiz o autoagendamento, fiquei um pouco ansioso", confidenciou um adolescente, vacinado em Loures. Um outro lembrou que a ansiedade também se estende aos pais: "Isto também é novo para eles. Estão nervosos e ansiosos. Mas vai tudo correr bem".
Segundo o grupo de trabalho, até às 18.30 horas tinham sido vacinados 98 mil jovens de 16 e 17 anos, com grande procura pelo modelo "casa aberta". Até à mesma hora, já tinham sido feitos "mais de 152 mil pedidos de autoagendamento" de jovens entre os 12 e os 15 anos, revelou a mesma fonte. Serão vacinados nos dois próximos fins de semana.
Cenário negro confirmou-se
No início da pandemia, a barreira do milhão de infetados tinha sido admitida pela diretora-geral da Saúde como o cenário mais negro possível em Portugal. Em entrevista ao "Expresso", em fevereiro de 2020, Graça Freitas estabeleceu esse número como o pior que o país poderia esperar, estimando também que se poderiam registar 21 mil novos casos na semana mais crítica da pandemia (o recorde diário foi 16 432 casos a 28 de janeiro). Na altura, as declarações geraram polémica, levando Graça Freitas a corrigir e a afastar "completamente" a hipótese de essas previsões se verificarem.
Embora a covid-19 se tenha revelado mais grave do que seria de prever ao início, a vacina veio atenuar a mortalidade. Dos 12 novos óbitos registados ontem, nove tinham mais de 70 anos, dois entre os 50 e os 69 anos e um na casa dos 40. As hospitalizações baixaram pelo quinto dia seguido e o número de internados em cuidados intensivos é agora 161, o mais baixo desde 13 de julho. Das 2571 novas infeções, a maioria (915) foram registadas no Norte, região seguida de perto por Lisboa e Vale do Tejo (901).
A posição de Portugal no panorama europeu continua a ser motivo de alguma apreensão. Segundo dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) relativos a sexta-feira, o país é o terceiro pior de entre os 30 estados que compõem o Espaço Económico Europeu, com uma média de 17,87 mortes por milhão de habitantes nos últimos 14 dias. Pior do que Portugal apenas estão a Espanha, com 18,11, e Chipre, com 42,79. No que toca à incidência a 14 dias, Portugal tem, de momento, 324,32 casos por 100 mil habitantes. Só sete países apresentam valores mais elevados.
Fim do prazo
Portugal vai doar 500 mil vacinas da Astrazeneca
O coordenador do grupo de trabalho para o plano de vacinação garantiu ontem que as 500 mil vacinas da Astrazeneca cujo prazo acaba a 31 de outubro "não serão desperdiçadas". O vice-almirante Gouveia e Melo revelou que Portugal está "a fazer a doação para que as vacinas sejam úteis a outros povos", nomeadamente os países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) e Timor-Leste. Portugal já doou mais de 200 mil vacinas.