Portugal atinge, este domingo, o Dia da Sobrecarga da Terra, esgotando os recursos do Planeta disponíveis para este ano. Uma das recomendações da Zero é apostar na redução das viagens, através do teletrabalho e de eventos virtuais.
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"Se cada pessoa no Planeta vivesse como uma pessoa média portuguesa, a Humanidade exigiria cerca de 2,9 planetas para sustentar as suas necessidades de recursos", explica a Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável. Portugal está entre os países que esgotam mais cedo os recursos disponibilizados pela Terra. Este ano, atinge o Dia da Sobrecarga da Terra a 7 de maio, tal como aconteceu em 2022.
Os dados, avançados pela associação em parceria com a Global Footprint Network, revelam que, a partir de agora, será necessário começar a recorrer aos recursos naturais que só deveriam ser utilizados a 1 de janeiro de 2024.
Estados Unidos, Austrália, Rússia, Alemanha, Japão são algumas das nações que, em 2023, esgotaram os recursos mais cedo do que Portugal. Ao contrário daquilo que acontece com Cuba, a Indonésia, o Equador e a Jamaica que atingirão o dia da sobrecarga apenas nos últimos dois meses do ano.
O dia em que os recursos usados pela Humanidade ultrapassam a capacidade regenerativa da Terra - Dia da Sobrecarga - é calculado com base na pegada ecológica de cada país. Para aí se chegar, é necessário ter em conta diversos fatores: as emissões dos gases de efeito de estufa, a agricultura, o espaço ocupado pela construção e, ainda, a quantidade de floresta destruída para a produção da madeira e do papel.
Reduzir consumo de animais
A "dívida ambiental" que Portugal tem para com o Planeta tem aumentado todos os anos, tornando-se cada vez mais difícil a existência de recursos naturais necessários para as diversas atividades desenvolvidas. A Zero revela que as atividades diárias que mais contribuem para a pegada ecológica de Portugal são o consumo de alimentos, correspondendo a 30%, e a mobilidade, a cerca de 18%.
Para a associação, é fundamental que se adote medidas de transformação para reduzir a "dívida ambiental" do país e para respeitar os limites da Terra.
O teletrabalho, uma das medidas implementadas durante a pandemia da covid-19, é apontada pela ZERO como uma das soluções para ajudar o Planeta. Reduzir as deslocações e as viagens, principalmente as de avião, recorrendo ao teletrabalho, pode trazer benefícios, em termos ambientais, sociais e económicos no futuro. À semelhança do teletrabalho, transformar os eventos, que habitualmente são presenciais, em formato virtual pode ser positivo.
Reduzir o consumo de animais é outra das medidas que podem ser adotadas, individualmente, e que ajudarão a equilibrar os números. Segundo a Zero, "cada português consome cerca de três vezes mais a proteína animal do que é preconizado na roda dos alimentos".
A Quercus partilha da mesma opinião e sublinha que "a produção de carne e laticínios exige grandes quantidades de terra, água e outros recursos naturais, produzindo grandes quantidades de gases de efeito estufa, como o metano". Além da redução do consumo de animais, a associação refere que escolher alimentos produzidos localmente pode reduzir significativamente as emissões associadas ao transporte.
Optar ainda por "alimentos orgânicos pode reduzir a exposição a pesticidas e outros produtos químicos", o que poderá ajudar a promover práticas agrícolas mais sustentáveis, como a conservação do solo e a redução do uso de água e energia.
Ao contrário daquilo que tem acontecido, em 2020, o Dia da Sobrecarga da Terra foi adiado. No ano em que surgiu a pandemia da covid-19, houve uma diminuição do gasto energético, o que fez adiar o dia em que se esgota os recursos para 22 de agosto. No entanto, em 2021, o dia assinalou-se a 30 de julho e, em 2022, a 7 de maio. Estamos a consumir os recursos cada vez mais cedo.