Na primeira fase da pandemia, Portugal gastou 57 euros per capita no combate à covid-19, metade da média da União Europeia (112 euros). Os números constam do "Health at a Glance: Europe 2020", divulgado esta manhã de quinta-feira pela OCDE.
Corpo do artigo
Este ano, o relatório dedica um capítulo à pandemia que deixou a nu "as vulnerabilidades dos sistemas de saúde" e as suas "profundas implicações" na saúde das populações, no progresso económico, na confiança nos governos e na coesão social na Europa e em todo o Mundo.
Numa análise sobre quão resilientes foram os sistemas de saúde europeus durante a primeira fase pandemia, o relatório debruça-se sobre os compromissos financeiros adicionais dos países para despesas de saúde.
Os números de Portugal são baseados em informação oficial divulgada a 18 junho. São 504 milhões de euros de despesa adicional do Governo essencialmente para contratação de pessoal na área da Saúde e aquisição de equipamento médico. Uma média de 57 euros por cada português, que coloca Portugal em 17.º lugar numa lista de 24 países. No topo surgem o Reino Unido (446 euros per capita), a Alemanha com 302 euros e a Irlanda com 274 euros. Entre os países que menos gastaram está a Letónia (21 euros per capita) e a Holanda (39 euros).
13050565
O relatório avalia os períodos de confinamento e os momentos em que foram decretados, a aposta nos testes de rastreio, a resposta em internamento hospitalar, a capacidade de recrutar profissionais de saúde, bem como a manutenção do acesso para os doentes não-covid.
Portugal figura entre os países que duplicaram a capacidade de testagem um a dois meses depois das primeiras mortes por covid-19. E é também elogiado por ter delegado nas farmácias a responsabilidade de prolongarem as receitas dos doentes crónicos.
32 dias para controlar primeira onda
Na primeira vaga, os países europeus demoraram em média 34 dias a controlar a pandemia. Malta foi o mais rápido (11 dias) e a Suécia o mais demorado (58 dias). Portugal levou 32 dias.
Os relatores avisam que, ao contrário do que tem sido dito, a covid-19 pode não ser um "choque", que acontece apenas uma vez em cada século. Ou seja, este coronavírus não reduz a probabilidade de novas pandemias causadas por patogénios existentes ou emergentes. E alertam que as alterações climáticas e a degradação ambiental irão provavelmente aumentar a probabilidade de "repetidos choques" na saúde pública.
13049518
E por isso concluem que "construir a resiliência dos nossos sistemas de saúde e promover uma recuperação verde nunca foi tão urgente".