Autoridades nacionais atentas à situação ucraniana. UE criou equipa para responder a possíveis ataques russos.
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Uma guerra do século XXI é também um conflito cibernético. E se a União Europeia (UE) criou uma equipa para responder com rapidez a ciberataques a instituições ucranianas, Portugal promoveu a "articulação permanente" do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), Serviço de Informações de Segurança, Centro de Ciberdefesa e Polícia Judiciária. A estes juntam-se as equipas de resposta a incidentes da Rede Nacional de CSIRT (Computer Security Incident Response Team).
"O CNCS está particularmente atento à situação, tendo em conta os hipotéticos efeitos da mesma no interesse nacional. Por isso, reforçou os mecanismos de monitorização e alerta", confirma fonte oficial. O objetivo é "prestar informação acionável aos cidadãos, às empresas e, em especial, aos operadores de serviços essenciais, de infraestruturas críticas e organismos da administração pública".
O CNCS está em contacto permanente com a Rede Europeia de CSIRT e fóruns institucionais da UE. Organização que, logo após as ameaças de Putin, mobilizou 12 especialistas da Croácia, Polónia, Estónia, Roménia e Países Baixos, numa equipa liderada pela Lituânia. "Em resposta ao pedido da Ucrânia, [estamos] a ativar [uma] equipa de ciberresposta rápida, que ajudará as instituições ucranianas", justificou o ministro da defesa lituano, AnušAuskas.
Para José Tribolet, professor catedrático jubilado de Sistemas de Informação, "a guerra na Ucrânia começou já há algum tempo, com ciberataques a estruturas fundamentais do país, a exemplo do que os russos têm feito regularmente". Tribolet até considera a NATO "segura" e resistente a ciberataques, mas duvida de "algumas forças armadas de países que a compõem". E lembra que "uma corrente parte sempre pelo elo mais fraco, que aqui é o homem".
"O problema é que o espaço virtual é um autêntico faroeste, sem lei nem ordem, onde reinam as organizações criminosas e as militares", diz o antigo professor do Instituto Superior Técnico de Lisboa.
Avaliação
"Vivemos já num mundo biónico"
Segundo José Tribolet, "ainda não nos consciencializamos que temos uma existência física e outra virtual". "Aliás, vivemos já num mundo biónico", assume.
Legislação
Outro problema, diz o especialista, "é que quem legisla ainda não é da geração do espaço virtual".