Há quota em excesso no carapau, faltaram compradores para a sardinha e o biqueirão não apareceu. São três espécies em que a pesca fica aquém do disponível.
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Temos mais quota, mas pescamos menos. Em 2022, capturamos apenas 37,7% do que podíamos. A culpa é de uma quota sempre a crescer em peixe como o carapau, onde não pescamos mais de 16% do permitido, e da sardinha, onde mais de 16% da quota ficou por pescar por falta de mercado. Também o biqueirão traiu, em 2022, os pescadores com as capturas a não ultrapassarem as 3,5 mil toneladas, quando a quota nos permitia mais do dobro. O peixe, adorado pelos espanhóis e que, nos anos negros da sardinha, foi o “ouro” da pesca do cerco, aparece, agora, cada vez menos na nossa costa.
“É o mercado que manda. As conserveiras ainda vão demorar algum tempo a reagir a este aumento de quota da sardinha”, diz Agostinho Mata, da Propeixe, a cooperativa que agrega 26 barcos da pesca do cerco, que no início de dezembro viu as embarcações pararem por falta de comprador de sardinha, quando estavam pescadas apenas 24,6 das 29,4 mil toneladas. A quota tinha subido 2400 toneladas face a 2021, mas, de acordo com as Estatísticas da Pesca 2022 do Instituto Nacional de Estatística (INE) agora divulgadas, as capturas acabaram a cair 8,9%.
Também caiu a cavala de 18 para 16,1 mil toneladas (-7,8%), cujo preço de mercado é sempre menos atrativo. O carapau subiu 6,4% para as 17,7 mil toneladas, mas ainda assim muito longe das 110,3 mil toneladas que podíamos pescar.