Portugal melhorou os indicadores ambientais, mas tem de acelerar a gestão dos resíduos e rentabilizar os recursos naturais que consome. O alerta é da Pordata, a base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que, esta segunda-feira, apresenta vários indicadores para assinalar o Dia Mundial do Ambiente. O país produz cada vez mais lixo e só 13% dos resíduos seguiram para reciclagem.
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No geral, "Portugal está claramente melhor do que há uns anos atrás", até porque, "em muitos casos, partimos de situações mais frágeis do que outros países" da União Europeia (UE), mas, em alguns casos, "não estamos com a velocidade e a aceleração que deveríamos estar para a convergência", considera Luísa Loura, diretora da Pordata.
Segundo a base de dados, em 2020 produziram-se 5,3 milhões de resíduos urbanos em Portugal, uma média de 1,4 quilos diários por pessoa. O valor coloca o país a meio da tabela da UE, abaixo dos 2,3 quilos da Áustria e acima dos 0,8 quilos da Roménia. A tendência geral é de subida, mas, se em Portugal o aumento desde 1995 foi de 46%, na UE o acréscimo ficou-se pelos 12%. Quanto ao destino, 30% vão para reciclagem na União Europeia, mas, em Portugal, são apenas 13%.
Convergência difícil
Esta é uma área na qual "Portugal parece estar com dificuldades", diz Luísa Loura, realçando que tem havido "investimento", mas "parece que não estamos a conseguir aquela aceleração que nos leva à convergência". A responsável realça que há caminho a fazer, também, na "consolidação dos dados", para garantir que o que mostram é, efetivamente, a realidade.
Em Portugal, o PIB por tonelada de recursos naturais utilizados, ou seja, o balanço entre crescimento económico e consumo de materiais, aumentou 14% em relação a 1995, mas pouco alterou face a 2013. Em 2021 o país consumiu 174 milhões de toneladas de materiais, com destaque para os não metálicos (são muito usados na construção e representaram 63% do total).
O rácio por habitante foi de 16,9 toneladas, acima da média europeia (14,1 toneladas) e 86% superior ao consumo em Espanha (9,1 toneladas). "Portugal, e praticamente todos os países da EU, têm de fazer um grande esforço para melhorar", considera Luísa Loura.
Nos aspetos positivos destaca-se, por exemplo, o decréscimo das emissões de gases de efeito de estufa. Em 2021 Portugal emitiu 5,5 toneladas per capita, abaixo da média da UE (7,8 toneladas per capita). Também dá bom testemunho na qualidade das águas balneares. Nove em cada dez praias costeiras (92%) no país têm água de qualidade excelente, acima da média europeia (88%).
Luísa Loura diz que, "nas águas interiores, fez-se um caminho notável". Segundo os dados estatísticos, 75% das zonas balneares interiores são consideradas excelentes, ligeiramente abaixo da média da UE (78%). Mas, "em 2014, estávamos 20 pontos percentuais abaixo", realça a diretora da Pordata.