Em 2023, nasceram 14 bebés com infeção transmitida pela mãe. Gonorreia, sífilis e clamídia aumentam na Europa, mas Portugal melhorou face a 2022.
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Em 2023, nasceram em Portugal 14 bebés com sífilis transmitida pelas mães durante a gravidez. É o maior número de casos de sífilis congénita registado na União Europeia (UE) e no Espaço Económico Europeu (EEE), segundo um relatório do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla inglesa), publicado ontem. Nas outras infeções sexualmente transmissíveis - gonorreia, clamídia e também na sífilis -, Portugal caminhou em sentido contrário ao da Europa, registando algumas melhorias face a 2022.
A sífilis é uma Infeção Sexualmente Transmissível (IST) causada pela bactéria treponema pallidum, que pode ser especialmente grave nas gestantes. Segundo o ECDC, “em mulheres grávidas com sífilis precoce não tratada, 70% a 100% dos bebés serão infetados e ocorrerão nados-mortos em até um terço dos casos”.
Em Portugal, o rastreio da sífilis é obrigatório na gravidez, mas o relatório europeu não permite aferir se os bebés infetados nasceram de gestações não vigiadas.
Segundo o documento, Portugal, Bulgária e Hungria reportaram 51% do total de casos confirmados de sífilis congénita (78) em 2023. Ainda que tenha havido uma ligeira melhoria face ao ano anterior, Portugal registou uma taxa de 16,3 casos por 100 mil nados-vivos, acima da média da UE/EEE (2,7). Em 2022, tinham sido reportados 73 casos, dos quais 16 por Portugal (19,1 por 100 mil nados-vivos).
O ECDC explica que “os aumentos da sífilis congénita foram acompanhados por aumentos das taxas de notificação da sífilis entre mulheres e homens heterossexuais em vários países da UE/EEE em 2022 e 2023”. Em Portugal, este aumento verificou-se apenas em 2022, ano em que foram reportados 1612 casos e uma taxa de 15,6 por 100 mil habitantes. No ano seguinte, o país registou 1153 casos e uma taxa de 11 por 100 mil, acima da média dos 30 países da UE/EEE (9,9).
Europa pede medidas
No que respeita à gonorreia, Portugal recuperou face à média europeia, que não pára de crescer desde 2019 (com exceção do primeiro ano da pandemia). Em 2023, o país registou 2280 casos (e uma taxa de 21,7 por 100 mil habitantes (abaixo dos 25 por 100 mil da média da UE/EEE).
Os casos de clamídia em Portugal também diminuíram em 2023 (1404), face a 2022 (1598), mas continuam muito acima do período pré-pandemia (787 em 2019).
Face aos dados, o ECDC alerta para “a importância de medidas proativas para lidar com o aumento das taxas de IST”, como o “uso consistente de preservativo para o sexo vaginal, anal e oral”.