Primeiro censo nacional, publicado pelo ICNF, mostra que capacidade dos centros de recolha é uma gota de água face ao número de animais errantes.
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Existem 931 mil animais errantes em Portugal, numa altura em que a capacidade para recolher cães e gatos das ruas nunca foi tão grande. No entanto, os lugares disponíveis na rede de centros de recolha oficiais são uma gota face às necessidades. Os mais de 40 mil animais acolhidos pelos canis municipais em 2022 ficam muito aquém do número estimado de cães e de gatos ao abandono nas áreas humanizadas do território continental. Acresce que há, ainda, um número elevado de animais com dono sem esterilização e sem identificação eletrónica e que se passeiam nas ruas sem qualquer supervisão.
Estas são as principais conclusões do primeiro Censo Nacional de Animais Errantes, publicado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). O número é inédito e revela a verdadeira dimensão dos animais abandonados e sem dono em Portugal. No total, são 830.541 gatos e 101.015 cães só nas áreas onde vivem pessoas, ou seja, as zonas humanizadas do território nacional (o que corresponde a cerca de 39% do total). Este cálculo, desenvolvido pela Universidade de Aveiro - resulta de modelos de extrapolação que têm por base a contagem direta de animais errantes em zonas de amostragem - a pedido do ICNF, permite constatar que os cães e gatos recolhidos pelos centros municipais ficam muito aquém dos existentes nas ruas. Os centros oficiais acolheram 41.994 animais em 2022 e 43.603 em 2021. São os números mais elevados de acolhimento desde 2017. Ao mesmo tempo, os atropelamentos de cães e gatos, reportados à GNR, subiram em 2022, registando-se, em média, mais de mil sinistros por ano desde 2019 (ler texto ao lado).