Internamentos em máximos de finais de março e Intensivos com ocupação a 56%. Região Norte com R superior a 1,5.
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No passado fim de semana, Portugal passou a linha vermelha considerada crítica tanto por peritos como pelo Governo na sua matriz de risco. A incidência nacional está já acima dos 240 casos a 14 dias por 100 mil habitantes e o R a aproximar-se dos 1,3. Sem sinais de desaceleração da subida, os internamentos tanto em enfermarias como em Intensivos estão ao nível de 29 de março.
De acordo com os cálculos avançados pelo matemático Carlos Antunes, foi no passado sábado que o país ultrapassou o referido limiar, com 243 casos por 100 mil habitantes. Com Algarve e Lisboa e Vale do Tejo (LVT) bem acima daquele patamar, nos 549/100 mil e 394/100 mil, respetivamente. Segue-se o Alentejo, com 151 casos; o Norte, com 139; e o Centro, com 130.
R dispara no Norte
Com destaque para a velocidade de transmissão na região nortenha que, como o JN noticiou, está a duplicar casos a cada seis dias. Se o R nacional - que mede o grau de transmissibilidade do vírus - está agora nos 1,29, no Norte, segundo o professor da Faculdade de Ciências de Lisboa, estará já nos 1,53. Tirando os valores apurados na primeira vaga, em março do ano passado quando a pandemia nos entrou portas adentro, é o valor mais alto apurado para a região.
Conforme havia já explicado, por sua vez, Óscar Felgueiras, que tem assessorado o Executivo na gestão da pandemia, a situação no Norte tem o seu foco no Porto e concelhos limítrofes. Com o Porto, revela Carlos Antunes, a registar uma incidência de 344 casos por 100 mil habitantes.
Com subidas superiores a 10% nas faixas etárias mais novas e não vacinadas, em particular nos 20-29, onde a incidência é maior. Tanto na região como em todo o país, com uma incidência nacional apurada pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, no seu último relatório das Linhas Vermelhas, nos 427/100 mil.
Intensivos a 56%
Longe das linhas vermelhas estão as camas ocupadas em Cuidados Intensivos, (UCI), mas em contínuo crescendo. De acordo com o último relatório de situação da Direção-Geral da Saúde (DGS), no domingo contavam-se 136 internados em UCI (+8), igualando o valor registado a 29 de março. Significa que, atualmente, 56% das camas de Intensivos destinadas a covid estão ocupadas. Com maior peso em LVT, que libertou já mais camas para fazer face à situação epidemiológica na região.
Quanto aos internamentos, em termos absolutos, estamos ao nível, também, de finais de março, com 613 pacientes. Mas, em termos de crescimento, desde o início de fevereiro que não se registava um incremento tão significativo de internados (+46).
Numa corrida contra o tempo, os olhos estão agora postos na vacinação, com a task force a estimar vacinar 1,7 milhões nestas duas semanas para conter a propagação da variante indiana.
A saber
Cálculo do R
Os cálculos do R, que mede o grau de transmissibilidade do vírus, de Carlos Antunes divergem dos do INSA, uma vez que o matemático da Faculdade de Ciências de Lisboa calcula com base em dados corrigidos à data de sintomas/diagnóstico e estimadores avançados.
Delta em crescendo
A variante indiana é já dominante em Portugal, com uma frequência de 69,5% contra 28,5% da britânica alpha. De acordo com o relatório das Linhas Vermelhas do INSA, no Norte estava já nos 49%, única região do continente em que não passava os 50%. Na Madeira está nos 22,7% e nos Açores nos 4,4%.
1483 novos casos reportados na segunda-feira, 54% dos quais em Lisboa e Vale do Tejo e 21% no Norte. Contam-se mais cinco óbitos, para um total de 17 117.