Portugal vai cair três posições no nível de vida e perderá quase um milhão de habitantes se o crescimento económico dos próximos dez anos for igual ao que se verifica desde 2009, concluiu um estudo da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, divulgado esta quarta-feira.
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No segundo capítulo do estudo "Economia e Empresas: Tendências, Perspetivas e Propostas", os investigadores projetaram cenários de nível de vida e de população dos países da União Europeia (UE). Uma das conclusões é que “é preciso ambição e políticas consonantes em matéria de crescimento”. A manter-se o crescimento económico atual até 2033, o nível de vida de Portugal cairá para 25º lugar entre os 27 da UE (era o 20º em 2022) e terá uma população de 9,7 milhões daqui a dez anos.
Segundo o estudo, o problema não está só nas políticas, mas também no referencial utilizado. Sucessivos governos têm apontado como objetivo crescer ao nível da média da UE (1,5% ao ano). No entanto, se isto tivesse acontecido, o nível de vida de Portugal seria apenas o 19º, o que evidencia “a pouca ambição desse referencial”, explica o estudo.
Os investigadores propõem que o referencial de crescimento seja o da média simples dos países da UE (2,4% ao ano), em que todos os Estados valem o mesmo. Partindo deste referencial, o estudo traça três cenários.
Na melhor previsão, Portugal alcança um crescimento de 3,2% e atinge a metade superior da tabela da UE em 2033. Mas isso implica triplicar o crescimento potencial previsto, que é de 1,1%.
No cenário intermédio de crescimento de 2,2% ao ano, atingiremos a metade superior em 2043. Se crescermos em linha com o novo referencial, apenas evitamos a perda de mais posições na tabela, concluem os investigadores Óscar Afonso e Nuno Torres.