Mariana Marques, 46 anos e natural de Coimbra, cofundou nos Estados Unidos a Azimuth, uma fundação que apoia povos indígenas no acesso a cuidados de saúde e água, respeitando os modos tradicionais de vida. A portuguesa, formada em Biologia da Conservação, cresceu em Mangualde e partiu, em 2019, para os Estados Unidos.
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Mariana Marques, a portuguesa de 46 anos que cofundou e dirige a Azimuth World Foundation, uma organização norte-americana que apoia povos indígenas no acesso a cuidados de saúde e a água, respeitando as suas formas tradicionais de viver na natureza, tem ficado chocada com os “impactos da desflorestação, da busca de petróleo, minérios e contaminação das águas” que destroem os habitats destas comunidades, tantas vezes para responder a necessidades do estilo de vida ocidental. E tem-se maravilhado com a “diversidade cultural e conhecimento, por exemplo medicinal e de proteção dos ecossistemas”, dos diversos povos com que tem contactado. “Toca-me esta riqueza toda, é fenomenal”.
Esta segunda-feira arranca, em Nova Iorque, o 23.º Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas, um encontro em que a Azimuth vai participar, e Mariana reforça o apelo para que o mundo mantenha uma “mentalidade aberta e espírito crítico”. “Temos muito a aprender com estas comunidades” e é preciso respeitá-las e protegê-las".
As comunidades indígenas, explica Mariana, “são das mais impactadas no mundo e das mais marginalizadas no acesso aos direitos básicos e representatividade nos processos decisórios e nos media. Ainda se fala muito pouco sobre os problemas e a incrível riqueza cultura que estas comunidades têm”.
O impacto, explica, “está muito interligado com o estilo de vida ocidental, que leva à desflorestação, à agropecuária intensiva, à exploração de petróleo e minério (ouro, lítio e outros), a práticas de governos e de conservação em que não se respeitam as comunidades, ao turismo e às indústrias que levam à expulsão forçada para construir espaços de luxo”, entre outros.
Os Batwa, no Ruanda, são apenas um exemplo de como é real o risco de perdermos a cultura e sabedoria de alguns povos indígenas. A criação do Parque Nacional Kahuzi-Biega levou ao despejo da comunidade, deixando-a sem terra. E com poucas perspetivas de futuro.
É por eles e por tantos outros que, em 2019, Mariana criou, com Terry Rockstad, a Azimuth World Foundation, chamando os portugueses Francisco Soares e Carla Santos a colaborarem. Em conjunto, têm procurado alertar para estes problemas e apoiar projetos de comunidades indígenas, nomeadamente no Sudão do Sul, Colombia, Ruanda, Equador, Quénia, Papua Nova Guiné, Estados Unidos, Alasca, Congo e Uganda.