Luís Montenegro sai reforçado das urnas, mas sem a “maioria maior” que tanto pediu. Presidente do PSD pede à Oposição “sentido de Estado”.
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Luís Montenegro não conquistou a “maioria maior” que tanto pediu nas últimas duas semanas, mas saiu reforçado das eleições legislativas, antecipadas devido à polémica em torno da Spinumviva, que afinal não pareceu preocupar aos portugueses. Com mais deputados no Parlamento, mas com o Chega a igualar o PS e a Iniciativa Liberal a descartar uma aliança governamental, o líder da AD pediu que à Oposição para cumprir a vontade expressa pelos portugueses e deixar o Governo continuar o trabalho feito até aqui.
O presidente do PSD, que entrou numa sala a rebentar pelas costuras ao lado da mulher e dos dois filhos, a quem agradeceu pelo “apoio, força e solidariedade”, frisou que os portugueses deram, de “forma inequívoca, um voto de confiança ao Governo, à AD e ao primeiro-ministro”, cabendo agora às oposições “respeitar e cumprir a vontade popular”. “Os portugueses não querem mais eleições antecipadas, querem uma legislatura de quatro anos e exigem a todos que percebam, que respeitem e que honrem a sua palavra livre e democrática”, sublinhou.
Numa sala em festa com centenas de militantes, entre os quais o núcleo duro que acompanhou Luís Montenegro ao longo dos últimos 11 meses no Governo, o líder da AD escusou-se a comentar os resultados obtidos pelos adversários, apontando que o único “destaque” da noite é o “reforço da confiança”. Com mais nove deputados eleitos do que há um ano – quando ainda faltam apurar os círculos da Europa e de Fora da Europa –, a AD saiu legitimada, mas ainda precisa que a Oposição a “deixe trabalhar”.
“A moção de confiança que o povo endereçou ao Governo é suficiente para que todos assumam as respetivas responsabilidades, mostrem o verdadeiro respeito pela vontade dos portugueses e mostrem a maturidade política dos próprios, das suas forças políticas e da democracia. Será um exercício que ninguém compreenderá se os partidos não forem capazes de interpretar a vontade do povo. O povo português não quer outro Governo, nem quer outro primeiro-ministro”, insistiu várias vezes, apelando ao “sentido de Estado” e à capacidade de diálogo dos restantes partidos.
Mostrando que as eleições antecipadas foram apenas um período de interregno, o primeiro-ministro enumerou um conjunto de áreas pelas quais o Governo “vai continuar a trabalhar”, como o aumento dos rendimentos e o estímulo ao investimento, a aposta na juventude e a valorização da Administração Pública. “Vamos continuar a salvar o Estado social. Da saúde à educação, da habitação à mobilidade. Vamos continuar a levar a cabo mais regulação da imigração. Mais reforço da segurança, mais combate à criminalidade grave e à corrupção”, descreveu o presidente do PSD, perante um aplauso sonoro da audiência. “Vamos ser, como sempre fomos, o Governo para todos, todos, todos”, afirmou ainda, numa referência ao Papa Francisco.
“Espírito reformista”
Também o presidente do CDS-PP, que falou uma hora antes de Luís Montenegro, defendeu que “ficou demonstrado que a crise política, criada pelas oposições, era totalmente desnecessária”, e que resultou numa “pesada derrota do PS”. “Que lhes sirva de lição, atirou Nuno Melo, considerando que, com o resultado apurado, “fez-se justiça à AD”.
O líder centrista garantiu ainda que a coligação vai cumprir o desígnio lançado por Pedro Passos Coelho, ao “governar com um grande espírito reformista”