O futuro da demografia e a retenção de jovens talentos qualificados em Portugal vão estar em discussão, esta terça-feira de manhã, no Palácio da Bolsa
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A Europa atravessa uma crise demográfica assinalada, por exemplo, num estudo recente do Eurostat que indica que a população juvenil (15-29 anos) diminuiu de 18,1%, em 2011, para 16,3%, em 2021. Portugal não só não foge a esta tendência, como se destaca pela negativa: o país tem o segundo maior índice de envelhecimento populacional da União Europeia e é o quarto, a nível mundial, com maior proporção de idosos a viver no seu território. Como combater o envelhecimento e reter o talento mais jovem no país são as duas questões centrais que se colocam e que vão ser objeto de debate na conferência “O futuro da Demografia - Desafios de uma sociedade em mudança”, a realizar esta manhã, no Palácio da Bolsa, no Porto. O evento é organizado pela Associação Comercial do Porto (ACP-CCIP), com o apoio da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP).
Nuno Botelho, presidente da ACP-CCIP, refere que estes problemas, apesar de não serem novos, “estão a agravar-se de forma preocupante”. Para sustentar isto, o responsável desta associação esclarece que “a mediana da idade da população passou de 38,5 para 47 anos nas últimas duas décadas e a população idosa com mais de 65 anos cresceu mais de 2% ao ano desde 2019”.
Já em relação à saída de jovens valores qualificados para o estrangeiro, Nuno Botelho chama a atenção para a última estimativa da FEP sobre a matéria, segundo a qual “existe, nos últimos oito anos, uma perda média anual de 21 mil licenciados”. Além disso, acrescenta o próprio, “importa recordar os dados do Observatório da Emigração, que apontam para o facto de um em cada três cidadãos portugueses, com idades compreendidas entre os 15 e os 39 anos, estarem a viver fora do país”.
Para uma linha idêntica à do presidente da ACP-CCIP aponta Elísio Costa, professor universitário e coordenador do projeto Porto4Ageing da Universidade do Porto. “O envelhecimento da população reside no aumento da esperança de vida conjugado com a diminuição dos nascimentos”, começa por esclarecer. As razões para tal, segundo este académico, prendem-se sobretudo com fatores de ordem económica. “Os pais querem, hoje, dar melhores condições de vida aos filhos, mas os constrangimentos económicos não o permitem e os casais não estão dispostos a passar por essas dificuldades e, portanto, optam por ter menos filhos”.
Perante este cenário, Elísio Costa salienta a necessidade de se “aproveitar a população envelhecida para impulsionar a economia”, ao invés de “subjugar o seu papel na sociedade”.