Benefícios nutricionais e para a saúde explicam preferência pelas amêndoas, cuja produção em Portugal é de 30 mil toneladas e continua em crescimento.
Corpo do artigo
Os portugueses duplicaram o consumo anual de amêndoa desde 2015. Passaram de três quilos e meio para cerca de sete quilos. A produção nacional não acompanhou a procura na mesma medida, mas subiu para as 30 mil toneladas em 2019, com Trás-os-Montes e Alto Douro na liderança, embora já à vista do Alentejo, onde a produção intensiva está a acelerar.
O aumento do consumo, revelado, ao JN, pelo presidente do Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos, Carlos Silva, está em linha com o que ocorre noutros países, ou não fosse a amêndoa "o fruto seco mais consumido no Mundo". O facto de ter "benefícios para a saúde e nutricionais" tem feito disparar o interesse.
A produção portuguesa "tem evoluído positivamente" nos últimos anos, com "muita plantação nova", conta Carlos Silva. Fonte do Ministério da Agricultura adiantou, ao JN, que depois de "no período de 2000 a 2010 se ter registado um decréscimo de 58%" da quantidade produzida, "entre 2010 e 2018 assistiu-se a um aumento de 208%".
Alentejo cresce
Carlos Silva acrescenta que o crescimento tem-se notado mais no Alentejo, que já está quase nos "10 mil hectares", principalmente na "área abrangida pelo regadio do Alqueva", mas em Trás-os-Montes e Alto Douro também há amendoais novos. E muitos velhos foram reconvertidos. Ali, a maior parte dos 20 mil hectares continuam a ser de sequeiro, embora já haja áreas com rega.
A campanha de 2019 rendeu "cerca de 30 mil toneladas de amêndoa" a Portugal. Dois terços produzidos na região transmontana e duriense, onde "há amendoais mais antigos, em plena produção e com boas rentabilidades". Porém, estes ainda têm margem para melhorar. A maior parte do restante é produzida no Alentejo. Dentro de quatro ou cinco anos, quando os novos amendoais estiverem a produzir em pleno, "poderá haver um equilíbrio entre as duas regiões", nota Carlos Silva. Algarve e Beira interior somam 8% da produção nacional, adianta o Ministério da Agricultura.
A crescente aposta dos agricultores na amêndoa, muitas vezes como cultura complementar, é justificada pelo ministério, com o "preço do miolo da amêndoa (cerca de 5 euros/quilo), por ser uma cultura facilmente mecanizável e ainda pelo clima favorável".
Todavia, há entraves à maior prosperidade do setor em Portugal, comparativamente com outros países. Carlos Silva destaca a "fraca preparação dos produtores no que toca a novos métodos de produção e tratamento da cultura" e "o facto de a fileira não estar ainda bem organizada".
Região da Califórnia (EUA) é a que mais ordena
Os Estados Unidos da América produzem "mais amêndoa sozinhos do que todos os outros países juntos" e continuam a "marcar as variações dos preços a nível global". O presidente do Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos, Carlos Silva, especifica que o preço de referência pago ao produtor na Europa anda "entre 4,60 e 4,75 euros" por quilo de miolo. "Há meia dúzia de anos chegou aos oito euros, coincidindo com uma seca extrema na Califórnia". Esta região está a recuperar desse período negro, o que "poderá fazer baixar os preços a nível mundial e a cultura deixar de ser tão atrativa".
Rota das Amendoeiras
A CP inicia no sábado um programa de viagens às amendoeiras em flor, que repete nos dias 14, 21 e 28 de março. A viagem é realizada em comboios especiais com carruagens Schindler de 1.ª e 2.ª classe, no percurso Campanhã (Porto)-Pocinho (Foz Côa), ida e volta, e integra três rotas rodoviárias.
Rota A
Pocinho, Museu do Côa (inclui visita guiada), Figueira de Castelo Rodrigo (com tempo para almoçar), Castelo Rodrigo, Barca D"Alva, Penedo Durão (vista panorâmica), Freixo de Espada à Cinta e Pocinho.
Rota B
Freixo de Numão, Penedono, Trancoso (com tempo para almoçar), Marialva (com visita guiada ao castelo desta localidade do concelho de Meda), Museu do Côa (com visita guiada), Vila Nova de Foz Côa e Pocinho.
Rota C
Pocinho, Moncorvo, Mogadouro (com tempo para almoçar), Museu de Arqueologia de Mogadouro (inclui visita guiada), Santuário de Cerejais (os autocarros vão até ao Calvário e à Loca), Vila Flor e Pocinho.
Programa
O comboio parte às 7.05 de Campanhã e chega ao Pocinho às 10.12 horas. A viagem de regresso começa às 20.07 e termina às 23.29 horas. Quem sair em Ermesinde (23.19) tem ligação a Braga no comboio das 23.19.
Preço por pessoa
Inclui viagem em comboio especial, transferes em autocarro e entradas em museus. As rotas A e B ficam em 44 euros para viagem em primeira classe e 39 em segunda. A rota C custa 42 euros em primeira classe e 36 em segunda. Os preços para crianças com idades entre 4 e 12 anos variam entre 20 e 25 euros.
A saber
Festas e feiras
A floração das amendoeiras motiva festa em Vila Nova de Foz Côa, Vila Flor, Torre de Moncorvo, Alfândega da Fé, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta, Figueira de Castelo Rodrigo e São João da Pesqueira.
Diversidade
As câmaras organizam feiras de produtos regionais e artesanato, promovem atividades culturais e desportivas, destacam os grupos musicais da terra, mas também abrilhantam a festa com artistas de renome.