Tempo é dinheiro e os portugueses estão dispostos a pagar por ele, a começar naquele que ganham com a preparação de refeições. No ano passado, os consumidores gastaram em Portugal 196 milhões de euros em comida pronta nos super e hipermercados, segundo dados da empresa de estudos de mercado Nielsen. Mais 8,35% do que em 2018 e, se recuarmos dois anos, a subida ainda é mais expressiva: 21%.
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"Assistimos nos nossos associados a uma tendência de oferecer serviços e funcionalidades que respondam às expectativas dos consumidores", comenta Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED).
Esta é uma área onde os retalhistas alimentares estão a apostar, com a introdução de áreas de take away ou mais oferta de comida pronta nas zonas de refrigeração.
O Pingo Doce, do grupo Jerónimo Martins, tem vindo a apostar em cozinhas centrais para a produção da oferta de "take away". Este ano, conta abrir uma nova cozinha central em Aveiro, um espaço com mais de sete mil metros quadrados. Estrutura que faz parte da Meal Solutions, unidade que tem vindo a registar crescimentos anuais na casa dos dois dígitos dada a procura dos consumidores por este tipo de soluções.
família e trabalho
Não surpreende por isso que a espanhola Mercadona tenha optado por abrir os supermercados no Norte do país já com oferta de "take away", o que não acontecia em Espanha.
O motivo é simples. "O desafio de manter o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal é uma das principais preocupações dos consumidores portugueses", diz Ana Paula Barbosa, diretora da área de retalho da Nielsen.
"Com mais confiança e mais disponibilidade para gastar, mais de metade dos consumidores portugueses afirmam que "vale a pena pagar mais por qualquer coisa que lhes faça poupar tempo", diz, citando o estudo Shopper Trends, da Nielsen.
"Esta conveniência deve estar nos formatos de loja, nos produtos, nas embalagens, nos serviços ou no recurso às novas tecnologias", sublinha. "No seguimento desta realidade, assistimos, de facto, a crescimentos significativos em categorias como o "take away", a cafetaria/pronto a comer e as refeições e componentes refrigerados", destaca ainda a responsável da empresa de estudos de mercado. v
Cafetaria a subir
Não é só a procura do "take away" que cresce nos supermercados. Em 2019, os portugueses gastaram 91,7 milhões de euros na área de cafetaria/pronto a comer nessas lojas, uma subida de 31% em dois anos.
Comida refrigerada
A procura pela conveniência também se reflete no aumento das vendas de refeições refrigeradas: em 2019, os consumidores gastaram 96,2 milhões, mais 28% do que há dois anos.
Comida ao domicílio
A compra online de comida e entrega ao domicílio já é 26% do e-commerce em 2018 (+9%). As mulheres usam mais estes serviços.