Portugal é o país com maior procura pelos serviços de urgência, num conjunto de 25 países analisados pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE). São cerca de 63 admissões por cada 100 habitantes, sendo que os portugueses são que têm menos consultas médicas presenciais por ano.
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Os dados constam no estudo "Health at a Glance" 2023, que foi publicado esta terça-feira, pela OCDE. O relatório dá conta de que, em média, foram realizadas 3,5 consultas médicas presenciais por utente em 2021 quando a média da OCDE aponta para seis atendimentos anuais. Portugal encontra-se, assim, na oitava pior posição num total de 32 países.
Os dados não contam com as teleconsultas. Nesse domínio, o documento esclarece que, em 2021, "em Espanha, Portugal, Estónia e Dinamarca, as teleconsultas foram particularmente importantes, compreendendo mais de 30% de todas as consultas médicas".
Já no que toca ao número de admissões nos serviços de urgência, Portugal ocupa o primeiro lugar numa lista de 25 nações. Há cerca de 63 visitas às urgências por cada 100 habitantes, um número que fica muito distante da média de 27 admissões da OCDE.
"Em 25 países da OCDE, houve uma média de 27 visitas ao departamento de urgência por 100 pessoas anualmente em 2021. A utilização de cuidados de emergência foi particularmente elevada em Portugal e Espanha. O elevado uso pode ser indicativo de cuidados de saúde inadequados e ineficientes, especialmente se muitos pacientes frequentam os departamentos de urgência por condições não urgentes que poderiam ser melhor geridas nos cuidados primários e comunitários", lê-se no relatório.
Em média, aponta ainda o estudo, o país contava com 3,5 camas hospitalares por mil habitantes em 2021 e com 10,2 camas de cuidados intensivos de adultos por 100 mil habitantes. São números abaixo da média da OCDE. A situação inverte-se quando analisamos a taxa de ocupação (rondava os 78% em 2021) e o tempo médio de internamento (de cerca de 9,3 dias). Ambos os indicadores surgem acima da média da OCDE.
Também acima da média da OCDE está o número de médicos em Portugal. O país conta, segundo o relatório, com 5,6 médicos por mil habitantes. No entanto, ressalva o documento, este número inclui todos os que têm habilitação para exercer e não apenas os que exercem. E, em 2017, 12% dos clínicos em exercício tinham formação estrangeira. Aquém da média fica o rácio de enfermeiros. Há 7,4 profissionais em exercício por mil habitantes.
Em termos de remuneração, o estudo revela que Portugal faz parte da lista de países onde a remuneração dos médicos caiu em termos reais entre 2011 e 2021. "Em Portugal, uma percentagem substancial da redução ocorreu entre 2011 e 2012. Desde então, o rendimento dos médicos aumentou novamente, mas o nível de rendimento em 2021 permaneceu abaixo de 2011 quando se leva em conta a inflação", lê-se no documento, que dá também conta de uma quebra nos salários dos enfermeiros entre 2010 e 2019.
Olhando para os gastos em saúde, o estudo detalha que Portugal gastou 4162 dólares per capita no ano passado (10,6% do PIB), enquanto a média da OCDE foi de 4986 dólares. No documento, lê-se também, houve um aumento das despesas de saúde per capita de 4,4% entre 2019 e 2022.
Consumo de tabaco é inferior, mas de álcool é superior
Em Portugal, revela o relatório, a esperança média de vida é de 81,5 anos. O estudo aponta, ainda, que a prevalência da obesidade e o consumo de tabaco no país está abaixo da OCDE. O mesmo já não se verifica no álcool. Cada português consumia, em média, 10,4 litros de álcool por ano em 2019, contra 8,6 litros de média da OCDE.