Póvoa de Varzim: "A mediadora faz toda a diferença na escola e já "salvou" muitas famílias"
No Agrupamento Dr. Flávio Gonçalves, na Póvoa de Varzim, quase um quarto dos alunos são estrangeiros e a técnica linguística é um elo essencial.
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"Numa semana, consegui resolver o que, durante seis meses, "não tinha solução"", explica Adelaide Sibanda. Desfia o rosário de medo, fome e incerteza. Os filhos gémeos, de 7 anos, viviam em Maputo. A escola ardeu durante as violentas manifestações na capital moçambicana. Foi "a gota de água". Vieram para Portugal. Faltavam vacinas, prova de escolaridade, papéis. Ficaram seis meses em casa. Iam começar do zero. Alexandra Pereira ouviu-a. Desdobrou-se em contactos. Juntou testes, cadernos, comprovativos de matrícula. Uma semana depois, os dois meninos estão matriculados e no 2.º ano. Adelaide respira fundo e sorri, grata a quem lhe deu a mão, a quem quis saber. Alexandra é a mediadora cultural e linguística do Agrupamento de Escolas Dr. Flávio Gonçalves, na Póvoa de Varzim. Começou há quatro meses e já é, reconhecidamente, "uma enorme mais-valia". Acolher, ajudar, respeitar e incluir são palavras que, por ali, têm agora um novo significado.
No país são 268. No próximo ano letivo serão 310. Em dois anos, o número de alunos estrangeiros nas escolas portuguesas duplicou. Em 2023/2024, eram 140 mil. Há escolas com meninos de 46 países diferentes. A multiculturalidade traz uma riqueza enorme, mas também "choques inevitáveis" que urge resolver.