Dois dias depois de ter anunciado o regresso das praxes nas redes sociais, o Cabido de Cardeais, que gere esta atividade na Universidade do Minho, recuou na decisão e anunciou, quarta-feira, a suspensão das atividades "com efeito imediato".
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A decisão surge depois de o reitor, a Associação Académica e até a Junta de Gualtar, em Braga, onde está instalado um campus, se terem pronunciado contra o regresso destas práticas às imediações da academia.
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"Encontram-se suspensas todas as atividades de praxe com efeito imediato e até novas informações", escreveu o Cabido de Cardeais nas redes sociais, depois de, na segunda-feira, ter tornado público que as praxes presenciais iriam ocorrer durante este mês, para permitir que todos os cursos "[pudessem] fazer o fecho do ano". Ao JN, o organismo esclarece que cada atividade podia durar, no máximo, três horas e só poderia acolher até 20 pessoas. O uso obrigatório de máscara e uma praxe de ação social a favor de uma instituição à escolha também faziam parte das regras, mas os argumentos não foram suficientes para receber luz verde das restantes entidades.
"Atitudes insensatas"
O reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro, relembrou que a instituição "proibiu há anos estas práticas no interior dos campi". "A Universidade do Minho reage com profundo desagrado a este tipo de iniciativas que frequentemente se traduzem em práticas ofensivas de integridade e dignidade humanas", frisou o responsável, falando de "atitudes insensatas" em "tempos muito difíceis".
A Junta de Gualtar também tocou no assunto para rejeitar as declarações de Pedro Domingues, responsável máximo pela praxe, em que este sugeriu que as atividades regressariam, depois de ter contactado com várias autoridades, nomeadamente a Junta. Sobre isto, o visado defende que "em momento algum [quis] pôr em causa a Junta de Freguesia, bem como as suas gentes".
Para "evitar mediatismo infundado" e devido ao "desconhecimento da população em geral sobre as regras de funcionamento destas praxes", Pedro Domingues diz que o Cabido de Cardeais decidiu suspender a medida, mas tem preparada nova reunião.
Para o presidente da Associação Académica, Rui Oliveira, as atividades da praxe "não encaixam nas coisas prioritárias". Por outro lado, o dirigente assume que poderá vir a celebrar-se a cerimónia de imposição de insígnias, para os finalistas (ler caixa).
Estudantes querem preparar cerimónia de imposição de insígnias
O regresso de praxes às universidades não está previsto, mas há associações de estudantes que estudam uma forma de celebrar a imposição das insígnias, que assinala o final do Ensino Superior para milhares de jovens. O presidente da Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, José Pinheiro, adiantou ao JN que vai reunir com as autoridades de saúde para estudar uma forma de concretizar a cerimónia e a missa de finalistas, em setembro. Na Universidade do Minho, o líder dos estudantes, Rui Oliveira, também, espera "uma cerimónia simbólica", se houver aval da Direção-Geral da Saúde.