António Guterres mantém o mistério sobre uma eventual candidatura a Belém. Em declarações ao JN, em Bruxelas, aceitou falar apenas de questões humanitárias.
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O mandato do português, no Alto Comissariado da ONU para os refugiados, termina no final do ano, mas esta quinta-feira, à margem de um encontro com Jean-Claude Juncker, Guterres voltou a não querer falar do assunto.
António Guterres aceitou uma curta entrevista, na condição de serem abordados temas relacionados com o cargo que ocupa nas Nações Unidas, tendo indicado que "tem de haver solidariedade" com a Grécia, nomeadamente em matéria de imigração.
"É natural que se estabeleçam os mecanismos de solidariedade com a Grécia", no que diz respeito à política de emigração. O português salientou, porém, que também nesta matéria, os gregos têm de fazer a parte que lhes cabe e "assuma inteiramente o seu papel".
Guterres desvalorizou as recentes afirmações do ministro grego da Defesa, o qual ameaçou relaxar o controlo de fronteiras, permitindo a entrada de terroristas na Europa, se não fosse concedido apoio financeiro à Grécia. "Suponho que isso tem de ser visto no contexto da política interna grega, porque do ponto de vista do ministério responsável pelas situações de imigração e asilo tem havido declarações muito positivas", frisou.
António Guterres lamentou ainda que 28 políticas de emigração diferentes na União Europeia, o que "faz com que haja uma distribuição muito injusta do sistema. No ano passado, a Suécia e a Alemanha receberam 43 por cento dos pedidos de asilo. O que prova que, não sedo esses [os] países de entrada, o sistema europeu de asilo não está ainda a funcionar".
O Alto Comissário da ONU considerou que há ainda um longo caminho a percorrer para que haja uma verdadeira política de emigração na Europa, "nomeadamente na Grécia", que neste momento é "a maior" porta de entrada de emigrantes no espaço europeu, sendo "um país com particulares vulnerabilidades".
Questionado sobre se pretende continuar a dedicar-se à área dos refugiados por muito mais anos, António Guterres preferiu não responder.