Primárias do Livre para as europeias adiadas por 24 horas devido a suspeita de viciação
As eleições primárias do Livre para escolher os candidatos do partido às eleições europeias foram adiadas por 24 horas, após a Comissão Eleitoral do partido ter detetado "fortes indícios de viciação". Na base estará o facto de uma das candidaturas ter concentrado um número de votos considerado anómalo.
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Num e-mail enviado aos candidatos, a Comissão Eleitoral diz ter detetado "fortes indícios de viciação" do ato eleitoral, acrescentando que "a única forma de garantir a integridade do processo de primárias" é fazer com que a segunda volta apenas seja aberta a militantes.
Este organismo refere também que recebeu "várias queixas e pedidos de dados". Ao que o JN apurou junto de fontes do Livre, nenhum candidato será desclassificado.
Os resultados das primárias ditaram a passagem de seis candidatos à segunda volta. O vencedor, Francisco Paupério, obteve 3560,23 pontos, com a segunda classificada, Filipa Pinto, a ficar-se pelos 2183,69 pontos. Os restantes quatro finalistas tiveram resultados entre os 667 e os 1508 pontos.
As primárias do partido costumam ser abertas a não militantes. Segundo o que o JN conseguiu saber, a Comissão Eleitoral entende que um dos candidatos terá tirado partido disso, recebendo um elevado número de votos de pessoas externas.
Desta forma, terá sido acionado um mecanismo de proteção, com o objetivo de salvaguardar o espírito das primárias. No Livre, há quem considere que esta é uma forma de garantir que nenhuma entidade externa se organiza e vence eleições primárias internas, forçando o partido a ter um candidato que não se reveja nos valores da organização.
"Surpreendido", candidato mais votado diz que não se mudam regras a meio
Ao JN, Francisco Paupério - o candidato mais votado na primeira volta -, confessa-se "surpreendido" com o adiamento do ato eleitoral, que considera "abusivo". Acredita que, à luz dos regulamentos internos, a Comissão Eleitoral do Livre não tem "capacidade legal" para tomar essa decisão.
"Mudar as regras a meio é estranho", refere Francisco Paupério. Acrescenta que foi comunicado aos candidatos que as eleições foram adiadas por ter sido detetada uma "anomalia estatística", frisando que, por enquanto, quem não é membro do partido e participou na ida às urnas não recebeu qualquer explicação.
Os candidatos que passam à segunda volta são Francisco Paupério, Filipa Pinto, Carlos Teixeira, Mafalda Dâmaso, Tomás Cardoso Pereira e Inês Pires.