Luís Montenegro disse, este domingo, na conferência "JN Somos Liberdade" que o Governo está disponível para "garantir a liberdade de informar", e de ser informado, aos órgãos de Comunicação Social que prestem serviço público.
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O primeiro-ministro encerrou a conferência dos 136 anos do JN, onde para além de anunciar a publicação em breve de uma lei do mecenato cultural, admitiu também a possibilidade de existir uma lei para o mecenato da Comunicação Social. "O Estado deve garantir boas condições de investimento", referindo-se aos investidores privados, mas defendeu também que "ninguém vai enriquecer na Comunicação Social". "Precisamos de democratizar a Comunicação Social, seja nos jornalistas, nos leitores e nos proprietários", acrescentou Luís Montenegro.
"Para mim, o serviço público de informação nunca foi nem é exclusivo dos órgãos de Comunicação Social que estão ou dependem mais diretamente do Estado", disse o chefe de Governo. Para Luís Montenegro, é importante "chamar o mecenato para a Comunicação Social". "Nós precisamos que o capital que é atraído para esta atividade possa ter condições de retribuir aquilo que é o esforço que está a dar", apontou o primeiro-ministro, que reconheceu ter uma "ligação afetiva" com o Jornal de Notícias.
"É que o meu primeiro jornal. Era o jornal que tinha em casa todos os dias e quando não tinha em casa, por alguma razão, porque o meu pai ainda não tinha chegado, ainda não tinha trazido o jornal, era o jornal que estava na mesa do café. Portanto, não havia forma de crescer nesta região [Norte] sem ler todos os dias o Jornal de Notícias", referiu Luís Montenegro.
Sobre o estado e o financiamento do jornalismo em Portugal, o primeiro-ministro disse ser difícil, mas "não impossível", "ganhar dinheiro ou enriquecer na Comunicação Social". Montenegro afirmou ainda que o jornalismo não pode ser usado para "criar influência". "Isso é pior tudo. É o que cria mais desigualdade", salientou.
Maior regulação
O chefe do Governo apontou que os "poderes públicos podem ter uma política que garanta maior sustentabilidade ao setor". Luís Montenegro admitiu uma maior regulação dos órgãos de Comunicação Social, para que se possa saber quem são os proprietários e que "interesses têm".
O primeiro-ministro comentou também as condições de trabalho dos jornalistas em Portugal. "A maior parte dos jornalistas ganha mal, ou melhor, ganha pessimamente. Têm sobre eles a importância global de alimentar a informação do país e de levar aquilo que é relevante à vida das pessoas. Não é possível atrair e reter bons profissionais a pagar mil euros, ou menos do que isso, nas redações dos grandes órgãos de Comunicação Social. É isso que pagam a muitos jornalistas que escrevem notícias importantes", sublinhou.
Luís Montenegro referiu que é preciso lutar pela "dignidade na informação" e ter atenção aos perigos, como as redes sociais ou a inteligência artificial. "Os órgãos de Comunicação Social, ditos tradicionais, não podem ir atrás das agendas das redes sociais. Não podem rivalizar diretamente com elas. Só as promovem. Portanto, estão a promover a concorrência, sendo que esta concorrência é desleal. Não têm os mesmos encargos. Não têm as mesmas exigências", declarou.
O futuro do Jornal de Notícias, disse, "nunca foi tão desafiado" como "nesta altura", afirmou o primeiro-ministro. "Aquilo que nós queremos é que esse desafio seja vencido, que seja superado e que os próximos 136 anos sejam o melhor do Jornal de Notícias, melhores do que aqueles que passaram até hoje", concluiu.