O projeto anunciado por Bill de Blasio, presidente da Câmara Municipal de Nova Iorque, para acabar com o complexo prisional de Rickers Island, transferindo os detidos para quatro novas prisões a construir em arranha-céus na Baixa daquela cidade dos Estados Unidos, está na origem de uma onda de protestos públicos.
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Na base do projeto - orçado em 7,8 biliões de euros - está a intenção de acabar com o atual centro prisional de Rickers Island, conhecido por "Guantánamo de Nova Iorque". Ao todo, o complexo ocupa uma superfície equivalente a 300 campos de futebol e tem capacidade para abrigar, em média, 14 mil presos por dia, embora, nos anos 90, tenha chegado a receber 20 mil. Ali, a população prisional é constituída sobretudo por pessoas pobres, que aguardam julgamento.
A violência entre prisioneiros é também por demais conhecida. Mas os protestos ganharam outra expressão a partir de 2015, quando um adolescente do Bronx, que havia sido detido por alegadamente ter roubado uma mochila, passou três anos em Rikers sem julgamento e sofreu espancamentos de presos e funcionários da prisão. Dois anos após ser libertado, o jovem, então com 22 anos, acabou por se suicidar depois de se debater com graves problemas de saúde mental.
Não é certo enviar pessoas que cometeram um erro na vida para um caminho que só as fará piorar
Por tudo isto, Bill de Blassio aponta o fim da "prisão dos horrores" como prioridade do seu mandato. "Não é certo enviar pessoas que cometeram um erro na vida para um caminho que só as fará piorar", diz, citado pelo diário espanhol "El País".
Mas a substituição pelas quatro prisões planeadas para Manhattan, Brooklyn, Queens e Bronx desperta fortes protestos. Os críticos alegam que "empilhar" pessoas em arranha-céus na Baixa da cidade obriga a que as janelas sejam pequenas para impedir a vista e obriga a reforçar escadas, elevadores e serviços mecânicos, ao mesmo tempo que o espaço ao ar livre tenha de ser também muito limitado.
"É difícil imaginar tanto movimento numa área tão pequena. Além disso, a privacidade provavelmente será um problema nesses locais densos", resume ao britânico "The Guardian" Yvonne Jewkes, professora de criminologia da Universidade de Bath.