Por muito que queiram, as universidades portuguesas não conseguem competir com os privados nas áreas “mais tecnológicas”, diz o reitor da Universidade do Porto (UP) ao JN, que afirma que a academia poderia beneficiar das competências dos “melhores alunos” e captá-las para a docência.
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Em ano de estreia, o curso de Engenharia Aeroespacial da UP teve a média mais alta, com a nota do último colocado a alcançar os 194,5 valores.
“Os estudantes são aliciados [por empresas privadas] antes de acabarem os cursos. (...) Estes jovens são treinados com competências que lhes permitem depois arranjar emprego em múltiplas áreas”, diz António de Sousa Pereira. O reitor da UP afirma que as instituições “têm muita dificuldade em convencer os alunos a ficarem ligados à universidade através da docência”, devido aos salários elevados praticados fora da Administração Pública.
Há quatro cursos de Engenharia Aeroespacial no país: na Universidade do Minho, na Universidade do Porto, na Universidade de Aveiro e na Universidade de Lisboa. Todos estão no top 10 das classificações mais elevadas.
Se durante anos, prevaleceu a ideia de que os melhores alunos seguiam Medicina - o primeiro curso desta área com a média mais alta aparece em oitavo lugar -, na primeira fase de acesso ao Superior deste ano, as licenciaturas para formar os futuros médicos foram ultrapassados por cursos diversos, como Inteligência Artificial, Matemática Aplicada à Economia e à Gestão e Arquitetura.
O antigo secretário de Estado do Ensino Superior, no último Governo de António Costa, Pedro Nuno Teixeira, atenta que é preciso perceber que se está “a comparar cursos com vagas, provas e perfis de nota muito diferentes”. Ainda assim, o também professor universitário nota que o país precisa de “muitos bons alunos” em todas as áreas e não só em Medicina.