As privatizações feitas pelo Governo nesta legislatura renderam até agora 9,535 mil milhões de euros, quase o dobro do inicialmente previsto no Memorando de Entendimento assinado em maio de 2011 com a troika, que apontava para cinco mil milhões de euros.
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Estas contas ainda não incluem os 354 milhões de euros com a venda da TAP e os 53 milhões da CP Carga, que aguardam ainda luz verde da Autoridade da Concorrência para a conclusão do negócio. Excluem também alienações de empresas que não estavam previstas no memorando, como a EGF, pertencente à Águas de Portugal e responsável pela gestão da recolha e tratamento de lixo do país, vendida no ano passado à Mota-Engil, por 150 milhões de euros.
O plano acordado com a troika apenas designava as privatizações da EDP (3,049 mil milhões), REN (750 milhões), Galp (95 milhões), ANA (3,080 mil milhões, CTT (910 milhões, TAP (354 milhões) e Caixa Seguros (1,650 mil milhões), todas já cumpridas. Mais de metade do encaixe com estas vendas veio da China. Os remanescentes que o Estado ainda detinha na EDP e na REN foram vendidos à China Three Gorges e à State Grid, respetivamente, enquanto a Fosun ficou com 85% da Caixa Seguros, atingindo um total de 5,449 mil milhões.
A última privatização feita pelo Governo nesta legislatura foi a da CP Carga , anunciada um dia depois do presidente da República ter marcado a data das próximas eleições legislativas para 4 de outubro. Pelo caminho ficou a privatização da Emef, empresa de manutenção da CP, que também não estava prevista no Memorando e de que o Governo desistiu, na sequência da queixa feita em Bruxelas pela Bombardier contra alegadas ajudas estatais à empresa, o que podia baixar o preço desta.
Na semana passada, foram também anunciadas as melhores propostas às subconcessões da Metro do Porto (atribuída à Transdev), e da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), que coube à Alsa, do Grupo Nacional Express. No início do mês, a Autoridade da Concorrência deu luz verde à subconcessão do Metropolitano de Lisboa e da Carris ao grupo espanhol de transportes urbanos Avanza. Depois disto, já pouco resta para privatizar em Portugal, a não ser a Caixa Geral de Depósitos, a RTP e a Lusa, bem mais polémicas do que as anteriores, para além de algum peixe mais miúdo.