As pautas das provas do 9.º ano deviam ter sido divulgadas esta terça-feira, mas só amanhã serão enviadas às escolas. O Ministério explica que atraso se deve a "dificuldades técnicas decorrentes dos novos processos de classificação". Em 15 escolas, pais decidem se aceitam ou anulam resultados de Matemática.
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"O Júri Nacional de Exames (JNE) informa que as classificações das provas finais do 9.º ano serão enviadas amanhã às escolas, de modo a serem produzidas e afixadas as pautas com os resultados assim que possível", lê-se na nota enviada há minutos pelo JNE aos diretores, sem uma única explicação para o atraso.
O Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) lamenta e assume que a situação "causa constrangimentos óbvios às escolas, aos alunos e às famílias".
"O atraso na afixação das pautas deve-se a dificuldades técnicas, decorrentes dos novos processos de classificação das provas finais do Ensino Básico", explica o MECI. Na resposta escrita enviada ao JN, o ministério justifica que as dificuldades abrangeram um "número residual de provas" que ainda estavam por corrigir "no momento previsto para envio dos resultados às escolas".
O gabinete de Fernando Alexandre explica que optou por não divulgar os resultados de forma faseada e preferiu adiar a divulgação das pautas. "Esta decisão justifica-se com a opção de preservar a integridade do processo de avaliação externa e de classificação das provas finais do Ensino Básico, assegurando a igualdade entre alunos no acesso à informação", lê-se na resposta. O MECI recorda que a realização das provas em formato digital foi um desafio e um importante passo no caminho para a digitalização.
Pais decidem se aceitam ou anulam nota
O JNE deu ainda orientação a 15 escolas para perguntarem aos pais se aceitam as notas da prova de Matemática, feita em modelo híbrido (parte digital e alguns exercícios a papel), ou se preferem anular os resultados e que os alunos façam a prova na segunda fase como se fosse a primeira. A decisão terá de ser tomada antes da afixação das pautas. Em causa, “constrangimentos” reportados durante a realização da prova e o tempo de compensação atribuído no primeiro turno da prova. "O JNE visou assegurar que todos os alunos acedem às provas em condições de equidade", frisou o MECI nas respostas enviadas ao JN.
As escolas aguardam pelos resultados do 9.º ano desde hoje. As provas contam 30% para a classificação final das duas disciplinas e, por isso, os conselhos de turma têm de se reunir após a chegada dos resultados para validarem passagens e retenções. Houve reuniões que foram adidas para esta terça-feira e que têm de o voltar a ser.
O problema, sublinha o presidente da associação nacional de diretores (ANDAEP), Filinto Lima, é que os alunos que chumbarem e pretendam ir à segunda fase de exames tinham hoje e amanhã para se inscrever. As provas da segunda época do 9.º realizam-se dia 18 e dia 22. "Não há qualquer informação e isso está a causar ansiedade nos alunos, pais e professores", afirma Filinto Lima.
Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, sublinha que este era um "ano experimental". As provas do 9.º, recorde-se, foram feitas em formato digital (as de Matemática em formato híbrido com exercícios de Geometria feitos em papel). "É normal que possam surgir problemas, mas temos encarregados de educação a bater-nos à porta a perguntar o que se passa", explica ao JN.
Além da inscrição para a segunda fase, arrancou hoje o prazo para as matrículas dos alunos que vão ingressar no 10.º e 12.º anos que termina dia 22. A presidente do movimento Missão Escola Pública, alerta ainda, que os pais também aguardam as notas das provas para submeterem os pedidos de abono de família na Segurança Social. Cristina Mota considera que o atraso confirma que "não estavam reunidas as condições para se realizarem provas digitais".
"Começo a colocar em causa o rigor e transparência da prova", afirma Cristina Mota.