Depois de semanas com uma procura muito abaixo da média, os maiores serviços de urgência do país estão a retomar alguma normalidade.
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A afluência às urgências dos hospitais de S. João, no Porto, e de Santa Maria, em Lisboa, ainda está longe de ser o que era antes da pandemia, mas os profissionais avisam que também não pode voltar a ser igual.
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As novas regras de segurança, que determinam maior espaçamento entre doentes, não permitem atender tanta gente, pelo que as designadas "falsas urgências" têm mesmo de ser atendidas nos cuidados de saúde primários, avisam os responsáveis.
Em 2019, o S. João registou uma média diária de 460 doentes por dia no serviço de urgência. Número que baixou significativamente nos meses de março e abril - houve dias com pouco mais de 200 episódios, incluindo doentes covid - e que voltou, no início desta semana, aos 360 casos por dia.
"Estamos com menos 100 doentes por dia do que é habitual", afirmou o coordenador da equipa da urgência. Nélson Pereira realça que "é importante que os doentes graves voltem à urgência", mas os "azuis e verdes" - não urgentes e pouco urgentes, segundo a triagem de Manchester - não devem recorrer a estes serviços. Até porque não há espaço para todos ficarem com as devidas distâncias de segurança e serem atendidos com qualidade.
Antes da pandemia, acorriam à urgência do Hospital de Santa Maria, uma média 550 a 600 pessoas por dia. Número que baixou drasticamente, a partir do momento em que foram internados os primeiros doentes covid-19 na instituição (217 episódios no dia 17 de março). No domingo de Páscoa, bateram-se recordes mínimos: 146 episódios.
A situação está agora a inverter-se, mas a diretora do serviço, Anabela Oliveira, nem quer pensar em voltar a ter salas de espera apinhadas, "é incomportável". "Não vamos ter capacidade de ver o volume de doentes que antes víamos, com 50% de falsas urgências e ainda doentes com suspeita de covid", afirmou ao JN.