Este ano há 420 alunos de 13 escolas do país a frequentar a disciplina, uma subida de 45% face a 2018/2019. Professores são pagos pelo Governo chinês.
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À entrada, cumprimentam-se com um "Ni hao" - que é como quem diz "olá" - mas em mandarim. Até escreverem, sem hesitar, os carateres que representam a palavra, talvez demore, mas na sala de aula de Min Yang, na secundária Adolfo Portela, em Águeda, não falta empenho aos alunos do 10.º ano.
Esta é uma das quatro novas escolas que, este ano letivo, incluíram o mandarim no currículo ao abrigo do projeto-piloto de ensino daquela língua, estabelecido há cinco anos pelo Ministério da Educação de Portugal em parceria com o Instituto Confúcio da China. Ao todo, neste ano letivo, há 420 alunos do Ensino Secundário a aprender mandarim em escolas públicas, mais 131 alunos do que no ano anterior, revela o Ministério da Educação ao JN. É uma subida de 45,3%.
O número de estabelecimentos também sobe, passando de 10 para 13 (há quatro escolas novas e uma saiu), situados nos concelhos de S. João da Madeira, Braga, Coimbra, Marinha Grande, Lisboa, Vila Franca de Xira, Almada, Elvas, Loulé, Espinho, Estarreja, Águeda e Almada. A ensinar estarão 12 professores, enviados pelo Governo de Pequim, que paga os salários.
Empresas são chamariz
Em Águeda, "alguns pais e alunos pediram aulas de mandarim e, como uma experiência-piloto de ter a língua como atividade extracurricular nos dois anos anteriores teve muita adesão, decidimos aderir ao programa" do Ministério da Educação, explica Henrique Coelho, diretor da secundária Adolfo Portela. O concelho, sublinha, "tem uma zona industrial com várias empresas com capitais chineses e empresas que negoceiam com países asiáticos, o que despertou a atenção da comunidade para a importância de conhecer a língua".
"Há muitos chineses no país e não faltam empresas que têm relações comerciais com a China", diz Afonso Marques, 15 anos, que não quis perder a oportunidade de aprender a nova língua. "É um país economicamente poderoso", reforça o colega João Granjeia.
Saber mandarim e conhecer a cultura, acrescentam Luana Conceição e Nicole Pastori, é importante para "comunicar" com as comunidades chinesas espalhadas pelo Mundo.
As aulas de Min Yang, 27 anos, são frequentadas por 22 alunos, repartidos por duas turmas. A docente, que já lecionou em escolas da Irlanda e Tailândia, chegou a Portugal no mês passado e depressa trocou o "nervosismo" de não falar português pela "satisfação" de ter alunos tão "empenhados" e "motivados" em aprender.
Enquanto vai compondo os traços dos caracteres no quadro, ensina os sons e explica o significado em inglês. Num manual, que criou com a ajuda de docentes portugueses, os alunos podem ler o significado em português.
Até ao final deste ano letivo, irão aprender a "cumprimentar, expressar sentimentos e ideias", para além de ficarem a conhecer a "cultura e tradições", diz a professora. E, pelo meio, ainda lhes deixa umas dicas para "saberem usar os pauzinhos" para comer comida chinesa.