Procura em alta por sardinha faz subir o preço no primeiro mês de capturas. Contratos com a indústria asseguram escoamento.
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Muita sardinha no mar, uma procura cada vez maior e um preço médio a crescer 7% a 8% face a 2024. É este o balanço do primeiro mês de safra da pesca da sardinha. Quem anda ao mar está satisfeito e com a convicção de que haverá sardinha “grande e gorda” para os santos populares.
“Os sinais são muito positivos, quer em termos de abundância, quer em termos de procura, o que se tem refletido num aumento de preços”, afirmou, ao JN, Humberto Jorge, o presidente da Anopcerco - Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco.
Contas feitas, explica, a sardinha tem saído da lota a preços entre os 80 cêntimos e 1 euro o quilo e, sobretudo, por parte da indústria conserveira, não tem faltado procura.
“Estamos à beira de conseguir a certificação MSC (Marine Stewardship Council – Pesca Sustentável) da sardinha ibérica [que, fruto da rutura nos stocks, Portugal e Espanha perderam em 2014] e isso está a fazer com que a indústria tenha maior apetite pelo nosso peixe”, continuou a contar o dirigente da Anopcerco.
O sabor e a gordura “ainda não são os ideais”, mas a verdade é que, desde que a frota partiu para o mar, a 22 de abril, o tamanho do peixe tem vindo a crescer e Humberto Jorge acredita que, “dentro de três semanas, vamos ter boa sardinha para os santos populares e muita quantidade”.
A norte, à semelhança do que já tinha acontecido nos dois últimos anos, a sardinha tem sido mais pequena do que em Peniche ou a sul do país. Ainda assim, explica o presidente da Propeixe - Cooperativa de Produtores de Peixe do Norte, Agostinho Mata, os contratos de abastecimento com as conserveiras têm garantido “estabilidade”.
“O tamanho não é o ideal, mas os preços são sustentáveis e há procura”, continuou a contar, lembrando que o acordo com a Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP) garante a compra de metade das capturas aos 24 barcos da Propeixe que pescam em Matosinhos e Peniche, a um preço fixo de 88 cêntimos/kg para sardinha maior (até 24 unidades por quilo) e 76 cêntimos/kg para peixe de menor dimensão (acima de 24 unidades).
Já em leilão na lota, o preço tem oscilado entre o 1,11 e o 1,20 euros, o que “não é mau para a época” e deixa antever “um ano bom”. Acima de tudo, frisa, tem havido procura.
Este ano, recorde-se, há 34 406 toneladas para pescar (mais 16,4% do que em 2024). Até 31 de maio, os limites diários de captura estão fixados nos 250 cabazes (para barcos com mais de 16 metros). Sobem, depois, para 300 a partir de 2 de junho.