O potencial de produção na Região Demarcada do Douro deverá situar-se, este ano, entre as 263 mil e 288 mil pipas (550 litros, cada) de vinho. A previsão foi avançada por Rosa Amador, diretora-geral da Associação de Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID). "São mais 23% do que a média da colheita dos últimos cinco anos", acrescentou.
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Esta previsão é feita com base no método de pólen, pelo que até à vindima muita coisa pode mudar. Para já, verifica-se que o ano vitícola está a correr "relativamente bem" do ponto de vista fitossanitário. As uvas apresentam-se "muito sãs", ao contrário do que ocorreu no ano passado em que se registaram escaldões por excesso de calor e grandes ataques de míldio. Esta doença, que é potenciada pela humidade e que ataca os cachos e outras partes verdes da planta, deitou por terra as previsões feitas na fase da floração em 2018. A ADVID previu entre 254 mil e as 273 mil pipas, depois reviu em baixa para as 230 mil e no lavar dos cestos foram contabilizadas um pouco menos de 200 mil.
Este ano as condições não têm sido favoráveis a grandes problemas causados pelo míldio. "Está a ser um ano sem grande pressão das doenças", resumiu Rosa Amador, apesar de ter havido "um pouco de desavinho [cachos que não vingaram] em vinhas de zonas mais altas da região".
A diretora-geral da ADVID salienta ainda que, "de quinta para sexta-feira da semana passada, houve registo de algumas situações de escaldão", sobretudo na sub-região do Baixo-Corgo, mas ainda não se sabe o peso que poderá ter.
Para fazer face a eventuais prejuízos, a ADVID tem contratados seguros de grupo para os associados, que "já estão a apresentar danos resultantes dessas temperaturas elevadas e da humidade relativa baixa".
Esperar por agosto
Apesar deste verão estar a registar oscilações de temperaturas apreciáveis, Rosa Amador refere que "ainda não há nada que diga que isto possa ter algum reflexo negativo na produção", pelo que o melhor será esperar pelo que venha a ocorrer em agosto, mês em que o ano passado se registaram os principais episódios de escaldão nas vinhas do Douro, e setembro, que em 2018 foi muito seco o que desidratou muito os bagos de uva.
MOGADOURO
Afetados pelo granizo com apoio de 15 euros por hectare
A diretora regional de Agricultura e Pescas do Norte, Carla Alves, anunciou um apoio de 15 euros por hectare de vinha afetada por uma queda de chuva intensa e granizo, no passado sábado, no concelho de Mogadouro. De acordo com a responsável, este apoio destina-se à aplicação de um adubo à base de cálcio, que deverá ter poder cicatrizante nas uvas que ainda restam nas videiras.
Apesar de o temporal ter afetado também outras culturas, como olivais, amendoais e hortícolas, segundo Carla Alves apenas podem ser apoiados os prejuízos em cerca de mil hectares de vinha, nos quais foram contabilizadas "cerca de 80% de perdas".
"O Ministério da Agricultura entendeu que se pode ajudar o tratamento que deve ser feito à vinha, através de um adubo que possa minimizar os prejuízos, recuperando ainda parte da produção", especificou Carla Alves. Acrescentou que a tutela vai ajudar na aquisição do produto, devendo os agricultores candidatar-se à ajuda prometida.
Intervenção urgente
Entretanto, começou a ser enviado um aviso informativo a todos os presidentes de junta de freguesia. "A Direção Regional de Agricultura e a Câmara de Mogadouro estão articulados no sentido de os agricultores fazerem já a aquisição do produto para iniciar a sua aplicação. Depois serão compensados", garantiu a diretora regional.
Os técnicos defendem que "o adubo deve ser aplicado com urgência para minimizar os estragos, uma vez que as videiras foram afetadas e sem tratamento a uva apodrece", afirmou Carla Alves.
A queda de frutos, como a amêndoa e a azeitona, está coberta por um seguro de colheitas que beneficia de uma linha de financiamento entre 60% e 75%. Além de que as árvores não estão destruídas. Os técnicos do Ministério da Agricultura vão continuar no terreno a avaliar a dimensão dos estragos nos próximos dias.