Professores deslocados: medidas são "faz de conta" e não resolvem problema
Rui Garcia, colocado a 430 quilómetros de casa, defende que apoios à deslocação devem adequar-se ao contexto de cada distrito.
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O país conhece-o por ter assumido publicamente viver na carrinha, adaptada a caravana de campismo, para conseguir aceitar um horário completo e anual em Elvas, a cerca de 430 quilómetros da sua casa, em Ponte de Lima. Rui Garcia tem 57 anos, cerca de 20 de serviço mas começou a dar aulas em 1986. Ainda é contratado. E apesar de já ter tido colegas e até pais de alunos a oferecerem-lhe alojamento, permanece na carrinha. Decidiu “aproveitar” o mediatismo de que foi alvo para transformar o problema das deslocações e apoios ao alojamento dos professores “numa causa pública”.
“É essencial e urgente” uma solução eficaz que ajude a fixar os professores e reduza os problemas de substituição, para haver menos alunos sem todas as aulas, sublinha. No seu caso, sendo de Ponte de Lima e colocado em Elvas, não teve direito às duas opções criadas, este ano, pelo Governo: as 11 casas disponibilizadas a preços acessíveis são apenas em Lisboa e Portimão, o apoio à renda é apenas para colocados em escolas de Lisboa e Vale do Tejo e Algarve. A Direção-Geral da Administração Escolar (DGAE) chegou a perguntar-lhe se queria partilhar um T4 em Portimão, que fica quase a 370 quilómetros da escola. “Sinceramente, ao início nem sabia o que responder”, conta, ainda chocado com a proposta.