Iniciativa de luta por "respeito, valorização da carreira e melhores condições de trabalho" arranca no dia 22 e estende-se até 30 de maio, entre Chaves e Faro.
Corpo do artigo
A Estrada Nacional 2 (EN2), que ao longo de quase 740 quilómetros liga Chaves a Faro, vai ser percorrida por uma caravana de professores, entre 22 e 30 de maio. É mais uma iniciativa de luta "pela profissão docente e pela escola pública". Exigem "respeito, valorização da carreira e melhores condições de trabalho".
"Não desistimos de lutar porque é justo", sublinhou secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, esta quarta-feira, em Chaves, onde foi apresentar a iniciativa que envolve várias outras organizações sindicais.
A caravana pela EN2 antecede o 6-6-23, "dia de greve nacional e de duas manifestações", pelos "seis anos, seis meses e 23 dias" de tempo de serviço que os professores querem ver repostos na íntegra até ao final da atual legislatura, em 2026.
"Poderá ser um dia histórico, ou porque temos uma greve como nunca se viu, ou porque temos uma manifestação no Porto, de manhã, e outra em Lisboa, à tarde, como também nunca se viram", vincou o secretário-geral da Fenprof. Ressalvou, todavia, que o 6-6-23 também pode ser histórico se for, finalmente, "assinado um acordo que reconheça os seis anos, seis meses e 23 dias", que podem ser recuperados "faseadamente, por etapas".
Segundo Mário Nogueira, os sindicatos "querem negociar com o Ministério da Educação quais as etapas da recuperação do tempo de serviço", mas em cima da mesa estão ainda questões como "a estabilidade dos professores, a aposentação e a mobilidade por doença". O dirigente sindical sublinhou ainda a possibilidade da greve às avaliações e aos exames, "se o senhor ministro da Educação e o Governo continuarem a ser irresponsáveis como têm sido até agora".
A partida da caravana, no dia 22 de maio, do marco do quilómetro zero da EN2, em Chaves, simboliza "os zero dias que estão a ser recuperados do tempo que falta na carreira" e "o zero também corresponde, mais ou menos, à capacidade do senhor ministro da Educação para resolver os problemas das escolas e dos professores".
Pelo caminho, até Faro, a caravana vai integrar uma carrinha com um painel alusivo à luta de professores e educadores. Será acompanhada por vários destes profissionais com carros, motas e bicicletas. Está ainda previsto um conjunto de atividades com os professores em várias vilas e cidades atravessadas pela EN2, nomeadamente plenários.
Mário Nogueira admitiu que a adesão para percorrer a EN2 não será muito elevada, já que "os colegas têm aulas" e "não vai haver pré-aviso de greve para a caravana". Contudo, nos sítios de paragem, sempre à hora do almoço e ao final do dia, "haverá pequenas concentrações com colegas para os mobilizar para a greve do dia 06 de junho" e momentos para "entregar uma mensagem à população, nomeadamente, aos pais e encarregados de educação".
Para o dia 10 de junho está prevista a presença de um grupo de professores na cidade da Régua, onde vão decorrer as comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. "Não vamos lá fazer nenhuma confusão, mas levaremos os nossos símbolos e as placas de "respeito"". No dia 01 de agosto, também vão marcar presença no arranque das Jornadas Mundiais da Juventude, em Lisboa. Mário Nogueira explicou que vão estar lá muitos jovens a quem querem dizer que sabem que "querem ser professores, mas fogem da profissão porque sabem a desvalorização que existe".