Professores prometem grande manifestação no Porto em dia de protesto em Vila Real
O conjunto de 18 greves distritais de professores e educadores que têm vindo a decorrer no continente vai culminar, esta quarta-feira, no Porto. Por ser a última e na Invicta, "há previsão de comparência de muita gente, mesmo de outros distritos e é óbvio que se irá caprichar um bocadinho nesse dia", disse, ao JN, Alexandre Fraguito, coordenador do Sindicato dos Professores do Norte em Vila Real.
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Ainda de acordo como dirigente sindical, tratando-se da última greve distrital, servirá para "deixar bem assentes" as reivindicações dos professores e educadores, até porque "não se podem defraudar". "Esperemos que o São Pedro nos ajude e que seja um dia de reivindicação saudável" desejou.
Adesão forte em Vila Real
Alexandre Fraguito coordenou a manifestação que decorreu, esta segunda-feira, em Vila Real, a 16.ª da série de protestos (a 17.ª será esta terça-feira em Viseu), com os docentes a mostrarem-se "entusiasmados, empolgados e unidos". A adesão foi forte: "Em termos de prática letiva foi muito alta, à volta dos 98%", precisou.
Várias centenas de professores e educadores, ligados a oito organizações sindicais, manifestaram-se, com ponto de encontro principal na Avenida Carvalho Araújo, no centro da cidade vila-realense.
"Para cá do Marão lutamos pela educação" e "Não paramos" forma algumas das palavras de ordem entoadas pelos docentes. Alguns empunhavam cartazes, como o de Isabel Alves, que vive em Vila Real e trabalha na Régua. E passou a explicar: "Em 2018, António Costa disse que para fazer a requalificação do IP3 não poderia dar mais tempo de serviço aos professores. Em 2023, Fernando Medina diz que para manter as contas certas e o equilíbrio orçamental não pode repor o tempo de serviço aos docentes. A minha questão é: Qual vai ser a próxima desculpa para não nos dar aquilo que é justo e a que temos direito?"
Com 46 anos de idade, Isabel Alves tem 25 anos de carreira, com percurso por 15 escolas e, num total de 10 escalões, encontra-se "a meio do quarto escalão". Já sabe que "até 2025" não vai mudar para o quinto e "mesmo nessa altura estará dependente do número de vagas que o Ministério da Educação decida impor". O máximo que espera alcançar até à idade da reforça é o "sétimo escalão", criticando que "tudo tenha sido feito para que não se atinjam os nono e décimo escalões, nos quais ocorre o maior aumento salarial".
"Defraudados, indignados e injustiçados". É assim que os professores se sentem, na ótica de Isabel Alves, corroborada por Ana Coimbra, docente de Vila Real que, esta segunda-feira, também levou os filhos para a manifestação. "Para além de ser professora também sou mãe e reconheço que o Governo tem de tomar medidas drásticas para que os direitos de todos sejam assegurados, nomeadamente os das crianças", justificou.
Ana Coimbra acrescentou que a presença dos filhos, de 7, 9 e 17 anos, pretendeu que eles "percebam porque é que os professores se estão a manifestar". É que, acrescentou, "nem sempre o que está na base da reivindicação dos direitos dos docentes é passado aos alunos".