As listas dos concursos de professores foram publicadas: entraram nos quadros 6612 e 37315 mudaram de escola. Pela primeira vez, os docentes receberam a notificação da colocação via SMS. E o ministério não emitiu um comunicado sobre o processo.
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De acordo com o blogue DeArLindo, do professor Arlindo Ferreira, especialista em estatísticas da educação, do total dos que vincularam (6612), 1559 concorreram na terceira prioridade. Estão no fundo da lista de candidatos por se tratarem de docentes vindos do ensino privado ou com pouca experiência.
À Fenprof já chegou informação de docentes com “zero dias de serviço” que entraram nos quadros. Mário Nogueira explica que neste concurso os contratados puderam vincular em quadros de escola ou de agrupamento, antes só podiam entrar em Quadros de Zona Pedagógica (QZP). “Se não acontecesse, estas vagas iam ficar desertas. Não passaram à frente de ninguém”, frisa o secretário-geral da Fenprof. Também o líder da FNE insiste que estas vinculações só aconteceram pela inexistência de candidatos na primeira ou segunda prioridades.
“Todos vão fazer falta porque as necessidades das escolas são muitas. Aliás, ainda vão ser precisos mais”, insiste Pedro Barreiros.
A análise feita pelo blogue aponta que “80% dos candidatos” ao concurso interno (docentes de quadro) ficaram colocados e a “maioria” na escola ou zona onde pretendiam. Há agrupamentos como o de Paço de Arcos (Oeiras) onde foram colocados mais docentes (96) do que em 38 QZP. Noutros 13 agrupamentos foram colocados mais de 80 professores.
Nogueira admite tratar-se de escolas de onde também saíram muitos docentes. Há situações em que o número de colocados foi superior ao de vagas pedidas pelas escolas. Pedro Barreiros aponta por exemplo grupos de recrutamento, como o do Pré-Escolar, onde vincularam mais educadores do que as necessidades apontadas pelas escolas. O líder da Fenprof recorda que a anterior equipa ministerial anunciou, aquando do lançamento dos concursos, que tinha feito um levantamento das colocações em anos anteriores, escola a escola. Mário Nogueira considera que estas colocações substituem horários anuais e completos que antes eram lançados para contratação.
Os dois garantem que os concursos não resolvem a falta de professores, pelo que as dificuldades, nomeadamente nas substituições, vão persistir.
"Estes concursos não vão servir para dar resposta às necessidades do sistema", frisa Pedro Barreiros.
"Os que mudaram de escola não reduzem a falta de professores porque são os mesmos que já havia. Quanto aos que entraram, depende. Se já eram contratados já estavam no sistema, se vieram do privado ou nunca tiverem trabalhado, então poderiam reduzir o número de alunos com falta de professores. Mas isso vai depender de esse número, juntamente com os que chegarem de novo para serem contratados, ser superior ou não ao dos que se aposentam. Calcula-se que estes últimos sejam acima de 4700, por isso, talvez o problema se mantenha ou agrave", sublinha Nogueira.
Os professores têm até dia 18 para aceitar ou recorrer. A não aceitação da colocação pode custar aos de quadro a instauração de um processo disciplinar e aos contratados a impossibilidade de concorer durante um ano.