Iniciativa "A natureza é a melhor sala de aula" vai na terceira edição e está presente em 43 escolas espalhadas por toda a Área Metropolitana do Porto.
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Fazer da natureza um espaço de aprendizagem, através de atividades pedagógicas ao ar livre, como a observação e o estudo dos pássaros ou a exploração sustentada dos recursos geológicos no nosso país. É este o grande desafio do projeto "A natureza é a melhor sala de aula", que está presente em 43 escolas dos 17 municípios da Área Metropolitana do Porto.
Criado há três anos, o programa desafia os professores a utilizarem os espaços verdes das escolas para abordar conteúdos curriculares. É uma alternativa ao ensino convencional, que já chegou a mais de 1500 alunos de várias idades, desde o pré-escolar até ao ensino secundário.
Os benefícios são múltiplos. Além da proteção da saúde mental de crianças e jovens, há um "maior envolvimento do aluno no processo de aprendizagem".
"Na sociedade há um défice de contacto com a natureza. O uso destes espaços [verdes] no contexto académico tem um impacto positivo na capacidade de aprendizagem e nos processos cognitivos como a atenção e a resiliência, bem como na autorregulação emocional e comportamental", referiu Marisa Costa, coordenadora do projeto e investigadora do Centro de Investigação para o Desenvolvimento Humano da Universidade Católica.
Promovido pelo Centro Regional de Excelência em Educação para o Desenvolvimento Sustentável da Área Metropolitana do Porto e coordenado pela Universidade Católica, o projeto recorre a guiões de trabalho orientadores, ajustados aos diferentes níveis de ensino, com a descrição das atividades a realizar ao ar livre e o seu enquadramento curricular.
Para este ano, existem 48 atividades, sendo que cada uma delas é pensada para 45 minutos. Em simultâneo, segundo Marisa Costa, está a ser elaborado um estudo cientifico sobre o impacto da aprendizagem na Natureza nas crianças e jovens. A ideia será fazer uma avaliação antes e depois das aulas ao ar livre.
Adaptar conteúdos
Em período de confinamento, também é possível adaptar os conteúdos e desfrutar do ensino na Natureza.
"O professor pode, por exemplo, disponibilizar imagens de aves aos seus alunos e propor aos alunos que tentem identificar da sua janela de casa", contou Marisa Costa, recordando o trabalho realizado por uma professora da primária no ano passado: "Conseguiu que os alunos tirassem fotografias [na Natureza] para que depois trabalhassem na sala de aula, conseguiu que alguns alunos que tinham quintal fizessem um comedouro para pássaros ou a plantação de pequenos vegetais".