Quatro alunos do Porto ganharam a 14.ª edição do concurso MEDEA, acrónimo de “MEDição dos campos Eletromagnéticos no Ambiente”, da Sociedade Portuguesa de Física (SPF) e da empresa energética REN. Provaram que as linhas de alta tensão em Portugal obedecem às normas da Organização Mundial de Saúde (OMS).
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Afonso Sousa, Chantal Gonçalves, Daniel Neuforge e Rodrigo Marques foram os jovens que constituíram a equipa vencedora desta edição do MEDEA, denominada “Faraday” em homenagem ao físico britâncio Michael Faraday, que descobriu a lei de indução eletromagnética. A edição deste ano foi organizada na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e reuniu 160 alunos.
O trabalho vencedor, concretizado sob a orientação do professor Carlos Carvalho, mestre em Física pela FCUP, onde teve lugar a cerimónia, baseou-se “na medição de campos magnéticos de baixa intensidade, aquela gerada a partir de, por exemplo, torradeiras ou secadores”, referiu Chantal Gonçalves ao JN.
“Fizemos várias experiências recomendadas pela SPF (…) e, numa segunda fase, partimos para as experiências de campo, com o apoio da Infraestruturas de Portugal: medimos o campo magnético ao longo de uma estação de comboios e fomos capazes de prever o tempo de intervalo entre cada comboio através do aparelho [de medição]. Na última fase fizemos uma pequena apresentação sobre a eletricidade para alunos do 7.º ano na nossa escola”, explicou.
“Provou-se que os limites de segurança recomendados pela Organização Mundial de Saúde são cumpridos e que os campos magnéticos de baixa intensidade não afetam a saúde, como muita gente pensa”, afirma o professor.
Chantal Gonçalves, que escolheu o curso de Medicina, por interesse em gestão hospitalar, diz que foram reconhecidos por algo que se divertiram muito a fazer. "E o nosso professor, que estudou na FCUP, ficou contente e muito emocionado”.
Daniel Neuforge, outro membro da equipa, corrobora: "o mais divertido foi participar num projeto destes com os meus amigos (…). Este projeto ensinou-me a hesitar menos no que toca a envolver-me em atividades deste tipo, pois são oportunidades de aprendizagem”.
Apenas um dos participantes na “Faraday”, Rodrigo Marques, prosseguiu os estudos superiores na área de física, no Instituto Superior Técnico (IST). Contudo, segundo a equipa, a física é uma área transversal às várias ciências do conhecimento, acessível a todos os que desejarem participar.
Menção honrosa
Houve também uma menção honrosa para a equipa “Rádio Infante”, composta por Gabriel Barbosa, Maria Ferreira e Pedro Silva, sob a coordenação dos professores Osvaldo Ribeiro e Catarina Silva. Construíram um protótipo de medidor de campo eletromagnético “low-cost” baseado no Arduíno, que é uma placa eletrónica de código aberto e hardware livre, possibilitando o desenvolvimento de projetos de automação. “Achei o projeto da ‘Rádio Infante’ muito inovador”, elogiou Chantal Gonçalves.
“O meu balanço é muito positivo- Participaram muitas escolas e muitas equipas, mais precisamente 38 equipas. Foi um total de 160 alunos e 34 professores, o que representou um ligeiro aumento face ao ano passado. Divulgar esta ciência é fundamental e o MEDEA é uma forma de chegar aos alunos e aos professores, investigando o eletromagnetismo e a sua aplicação prática”, frisou o professor Luís Afonso, responsável pelo MEDEA da SPF/REN.