Novas regras nas residências universitárias implicam custos adicionais para alunos internacionais.
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As novas exigências nas residências universitárias preocupam os estudantes internacionais que procuram alternativa ao alojamento oferecido pela Universidade do Porto. Ana trabalha para concluir o mestrado em Deteção Remota na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. O aumento de propinas, de 150 para 225 euros mensais, e a redução do desconto Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, atribuído pela universidade, de 50% para 45% complicam as contas da jovem brasileira. Os problemas intensificaram-se com as novas exigências do alojamento e nem o part-time foi suficiente para fazer face à nova realidade financeira.
"Obrigaram-nos a ir para quartos individuais", conta Ana, de 26 anos, que partilhava um quarto na residência Alberto Amaral há mais de um ano e meio. A mudança imposta devido à pandemia da covid-19 representa uma diferença superior a 50 euros. Não pagando, seria forçada a sair até setembro. Nas situações em que os quartos partilhados têm camas com mais de dois metros de distanciamento, a transferência para uma acomodação individual não é obrigatória, mas os estudantes continuam a dividir a casa de banho.
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Ana e a colega de quarto desistiram do alojamento na Alberto Amaral e arrendaram por conta própria um T1 mais em conta. Ainda assim, os rendimentos não são suficientes, lamenta Ana, que preferiu não revelar a identidade completa.
Mais 300 euros por ano
Isabella Medeiros elogia a redução da mensalidade do alojamento para "pouco mais de 70 euros" durante o estado de emergência. A frequentar um mestrado em Engenharia Biomédica, a estudante, a viver na residência Jayme Rios de Sousa, lamenta a subida das propinas para 3300 euros anuais. "Pagava 3000 euros", já com o desconto aplicado.
"Com a ajuda dos pais e as economias do Brasil", a jovem de 28 anos consegue arrendar um quarto individual na residência universitária por 235 euros por mês.
À semelhança de vários estudantes brasileiros, Isabella depende do ciclo de estudos para manter o visto, o que inviabiliza um trabalho a tempo inteiro.
"Cozinhas" nos quartos
Instalada na nova casa, Ana reprova as condições da residência Alberto Amaral, pelas quais considera não valer a pena pagar o aumento pedido neste ano letivo. No bloco F, onde se encontram os estudantes internacionais, tem uma cozinha para cerca de 30 quartos, que encerra às 23 horas. Com as novas regras que reduzem a lotação a duas pessoas, os estudantes usam os próprios meios para contornar o problema. "Se perguntarem, muitos vão responder que têm ilegalmente um fogão no quarto", explica, sublinhando o facto de o alarme de incêndio se encontrar avariado.
Carlos Ferreira, estudante português transferido este ano para um quarto individual na mesma ala, diz apenas ter conhecimento de "pequenos grelhadores de carne e torradeiras", mas reforça também as alegações de avaria "em alguns sistemas de deteção de fumo".
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A Universidade do Porto esclarece que a "Alberto Amaral" está a ser submetida a "uma profunda obra de reabilitação" no valor de 2,5 milhões de euros. A Reitoria precisa que a cozinha do bloco F trata-se de "um bar provisório de apoio" aos quartos ocupados por 28 estudantes, que "será descontinuado". Relativamente à instalação de equipamentos de cozinha proibidos nos quartos, a UP garante não ter conhecimento da situação, mas, segundo contaram os alunos residentes, a residência Alberto Amaral procedeu entretanto à apreensão dos mesmos.