O referendo para decidir aumentos salariais de 6,8% na Autoeuropa, cuja votação começou na quarta-feira e se estende até dia 3 de abril, corre o risco de ter resposta negativa.
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Segundo o “Público”, continua a haver “resistências internas” ao acordo, mesmo após ter sido apresentada uma versão melhorada. Caso o referendo não seja aprovado e a administração recuse ir mais longe, a Autoeuropa pode cair num impasse, lê-se.
Além da subida salarial de 6,8% para este ano, com retroativos a janeiro, a proposta a votação prevê aumentos de 2,6% em 2025 e 2026. Nos dois próximos anos, a subida em cima da mesa pode ser substituída pelo valor da inflação do ano anterior acrescido de 0,6%, caso essa solução seja mais vantajosa para o trabalhador.
A proposta inicial, de valores mais baixos, tinha sido mal recebida pelos trabalhadores, o que obrigou à desmarcação do referendo de 12 e 13 de março. Segundo a administração, este novo acordo "assegura a transição" da Autoeuropa. No próximo ano, a fábrica de Palmela deve, pela primeira vez, produzir um automóvel híbrido.
Lucros da empresa permitem melhorar proposta, argumentam trabalhadores
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul (SITE Sul), a nova proposta mantém "uma postura de desvalorização e afronta" aos funcionários da Autoeuropa. O sindicato frisa que, em vez de serem apenas chamados a votar, os trabalhadores deveriam "ser ouvidos em plenário" sobre as negociações.
Em concreto, o SITE Sul frisa que a administração "retirou da negociação o desbloqueio das bandas salariais, medida que iria abranger muitos dos trabalhadores mais antigos, que há já muito tempo merecem o devido reconhecimento da empresa". Além disso, iria também "possibilitar aos mais novos uma progressão salarial mais justa no futuro", refere-se.
O sindicato, citado no site da Fiequimetal (Intersindical dos metalúrgicos, afeta à CGTP), acusa ainda os administradores de "má-fé negocial", alegando que estes continuam "a tentar impor" um acordo a três anos que os trabalhadores, em plenário, já disseram recusar.
"Nesta nova proposta, os valores referentes ao aumento salarial continuam a ser insuficientes para os trabalhadores recuperarem o poder de compra perdido", lê-se ainda no comunicado. O SITE Sul entende que os "muitos milhões de lucros" registados pela Autoeuropa fazem com que esta esteja em condições de ir ao encontro das reivindicações dos trabalhadores.