O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, proferiu esta quinta-feira a sua última lição como professor universitário de Direito, na sessão solene de abertura do ano académico da Universidade de Lisboa.
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À chegada, o chefe de Estado foi abordado por alunos em protesto contra as propinas, à porta da Reitoria da Universidade de Lisboa, e afirmou que "está atento".
Um dos alunos que seguravam cartazes contra as propinas, António Azevedo, de 22 anos, teve uma curta troca de palavras com Marcelo Rebelo de Sousa, a quem disse: "A educação supostamente é um direito, mas pagamos 1.068 [euros], não é?".
"E as propinas, senhor Presidente? E a educação, que é um direito e não está a ser?", insistiu o jovem.
Rodeado por elementos da comunicação social, o presidente da República respondeu: "Quando fui líder do PSD eu inclusive contribuí para o chumbo de uma proposta do Governo porque as propinas eram muito elevadas".
O aluno prosseguiu: "Mas, [as propinas] continuam a existir e os orçamentos do Estado a passar, não é?".
"Eu estou atento a isso", afirmou o chefe de Estado, sugerindo que "têm de ir ao parlamento conseguir com que os partidos lutem por isso também".
Referindo que "há propostas", o aluno perguntou ainda "porque é que o Presidente não apela a um consenso para o fim das propinas".
"O Presidente apela, mas é preciso que os partidos todos votem", declarou Marcelo Rebelo de Sousa.
Questionado pela comunicação social, o Presidente da República disse compreender perfeitamente a posição dos estudantes. "Ainda noutro dia falei no alojamento dos estudantes, que é um problema fundamental", mencionou.
Os alunos entregaram ao presidente da República um documento no qual consideram que "as políticas públicas de cortes no financiamento do ensino superior geraram por todo o país, e aqui em Lisboa, uma situação catastrófica para estudantes, famílias e instituições do ensino superior público".
"Colocando à cabeça dos constrangimentos a propina, de valor anual igual a 1068,46 euros para licenciaturas, não existindo valores máximos para os seguintes graus de ensino, milhares de estudantes vêm-se impedidos por motivos meramente financeiros de frequentar o ensino superior", relatam.