Instituições estão a contactar estudantes a fazer Erasmus em Itália para o caso de quererem regressar e a identificar todos os estrangeiros.
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Os casos de infeção pelo novo coronavírus estão cada vez mais perto e as instituições de Ensino Superior estão a tomar medidas para mapear os estudantes estrangeiros e contactar os que estão em Erasmus, sobretudo em Itália. Em Coimbra, quem com motivos fundados decidir fazer o "distanciamento social" pedido pela Direção-Geral da Saúde (DGS) não será prejudicado.
A preocupação cresce à medida que o vírus alastra na Europa e as mensagens que chegam da Organização Mundial de Saúde (OMS) não são animadoras. Ainda ontem, um especialista da OMS disse que o Mundo "simplesmente não está pronto" para enfrentar a epidemia. Ontem, o último balanço apontava para 2707 mortos pelo Covid-19 e 80 300 infetados. Em Itália, o número de vítimas mortais subiu para 11. E Espanha registou sete casos positivos.
Na Universidade de Coimbra, "Itália é a principal preocupação". O reitor Amílcar Falcão afirmou ao JN que estão a seguir as recomendações da DGS e que já foram identificados todos os portugueses em Itália, os italianos em Portugal, bem como os professores e investigadores em mobilidade. "Sabemos quem está onde e estamos disponíveis para prestar todo o apoio necessário", afirmou.
O reitor de Coimbra afirmou ainda que "os estudantes com motivos fundados que, em consciência, decidam manter o distanciamento social pedido pela DGS não serão prejudicados" na assiduidade às aulas nem na realização de exames. A decisão foi comunicada aos alunos recentemente, disse Amílcar Falcão.
Na Universidade do Minho, uma posição semelhante poderá ser tomada esta semana. Há uma "crescente preocupação" com a epidemia e hoje, numa reunião com os presidentes das faculdades, serão discutidos "os procedimentos a adotar em caso de propagação do vírus". "Não queremos tomar decisões precipitadas, mas não podemos fechar os olhos à realidade", realçou o reitor Rui Vieira de Castro. A universidade tem 25 estudantes em Itália, 13 dos quais no Norte, região mais afetada. "Foram todos contactados ontem e nenhum mostrou vontade de regressar, mas amanhã retomaremos os contactos", adiantou.
"Não entrar em pânico"
A Universidade do Porto (U.Porto) já contactou os 125 alunos em Itália para perceber se querem regressar, mas por ora não há desistências. Está a pedir aos estudantes que sigam as recomendações das autoridades locais e tem uma linha telefónica direta para prestar apoio. Para os italianos a estudar em Portugal não foi tomada nenhuma medida em particular, afirmou fonte oficial da universidade. O reitor da U.Porto, tal como o de Lisboa, disse que estão a seguir as recomendações da DGS.
Os politécnicos estão também a contactar os alunos nos países afetados. O mais importante, diz Pedro Dominguinhos, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), "é ninguém entrar em pânico". O CCISP reúne depois de amanhã e o coronavírus será tema.
Por cá, relativamente a estudantes estrangeiros ou em Erasmus, as instituições têm de seguir o protocolo da DGS. Como no caso do politécnico de Bragança com duas alunas regressadas de Hubei (China), que ficaram de quarentena. E de dois alunos vindos de Macau para os politécnicos de Leiria e de Setúbal, a quem não foi necessário aplicar "medidas adicionais", por ausência de sintomas, mas que terão sido vigiados. O JN tentou, sem sucesso, ouvir o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas.