Os socialistas lamentaram a atitude "arrogante" com que Passos Coelho se apresentou nas reuniões com os dirigentes do PS. E denunciaram que a coligação ainda não respondeu às perguntas de António Costa sobre o estado financeiro do país.
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O presidente do PS, Carlos César, denunciou esta quarta-feira a atitude "beligerante" de Passos Coelho na primeira reunião que teve com António Costa. Segundo o dirigente socialista, ao líder social-democrata era exigível uma atitude humilde, quando se encontra dependente dos socialistas para uma solução governativa.
"A conduta do dr. Passos Coelho na primeira reunião que teve connosco foi uma conduta de grande arrogância e até beligerante. Tivemos uma certa dificuldade em compreender quais as razões que originariam da parte do dr. Passos Coelho não uma posição de humildade e de procura de consensos, mas uma posição de arrogância tal que colocava a questão de como se ao Partido Socialista é que estivesse reservado o ónus de ele [Passos Coelho] ser primeiro-ministro", disse César, em reação às críticas de Passos sobre a postura socialista.
Para Carlos César, Passos Coelho "diz que não governar com o programa do Partido Socialista". "Pois, o Partido Socialista não quer apoiar um programa que não é seu", contra-atacou.
O socialista referiu ainda que "o PS não deseja ser Governo a todo o custo, nem desenvolve iniciativas a todo o custo para ser Governo". "O que o PS deseja é que seja aliviado o custo que o os portugueses têm suportado com este caminho de austeridade excessiva, por um lado", assegurou.
De acordo com o presidente do PS, a coligação de Direita recebeu um conjunto de perguntas por escrito" sobre o "cenário macroeconmómico, da situação orçamental, da situação do setor económico, da situação do setor financeiro, das contas relativas a um conjunto de medidas que são determinantes do programa de Governo da coligação, e também que se intercruzam com medidas que podem ser adotadas pelo Partido Socialista". "E não obtivemos a resposta que desejávamos", revelou, para sublinhar que "ainda hoje a dr. Maria Luís Albuquerque reconfirmou que não pretende responder às questões que o Partido Socialista lhe colocou".
O socialista admitiu ainda a surpresa para com as declarações de Passos, "por não ter esperado pelo compromisso que o Partido Socialista assumiu na reunião de terça-feira, de lhe enviar uma carta que concretiza e detalha aquilo que já oralmente nessa reunião foi lhe transmitido".
"O Partido Social-Democrata assumirá perante os portugueses se romper com um diálogo que visa a constituição de um Governo estável. O Partido Socialista assumirá as responsabilidades que desde o início anunciou e que é, justamente, o de não havendo condições para que o Partido, que foi mais votado, neste caso a coligação, constitua Governo ou tenha capacidade para recolher o apoio para isso", considerou Carlos César.
"O Partido Socialista continuará a desenvolver as diligência que tem desenvolvido de boa fé para que haja uma alternativa de Governo que mude o rumo que o país tem tomado e que respeite aquilo que é essencial a um Governo, que é um apoio parlamentar estável", acrescentou.