O vice-presidente do grupo parlamentar do PS, Pedro Delgado Alves, acusou, esta sexta-feira, o líder do Chega, André Ventura, de "xenofobia" para com os imigrantes, sobretudo os vindos de países pobres como a Índia e o Nepal que apenas procuram uma vida melhor e acabam a viver em más condições em Portugal.
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O debate a decorrer, no Parlamento, era sobre alterações às leis eleitorais, sobretudo com vista à introdução de melhoramentos na forma como votam as comunidades portuguesas. Mas o líder do Chega, André Ventura, não resistiu a fazer um paralelo entre a forma como o Estado trata os portugueses que emigraram e aqueles que procuram Portugal para trabalhar.
"É uma espécie de esquizofrenia política. Aos imigrantes dão-se todo o tipo de apoios e aos portugueses, que foram obrigados a procurar uma vida melhor no estrangeiro, nada. Um dia, pagaremos bem caro os riscos e os erros do PS", atirou André Ventura.
O "tiro" do líder do Chega ficou sem resposta. Momento depois, Ventura insistiu em afirmar que os portugueses, que emigram desde a década 70 procuram apenas uma vida melhor, o que não acontecerá com os imigrantes e migrantes. "Comparar os emigrantes portugueses com a vaga de imigrantes que chegam agora à Europa é um insulto", afirmou, conseguindo espicaçar o PS ao garantir que há uma onda de emigrantes a regressar de países como o Brasil, Cuba e a Venezuela para fugirem "à tragédia do socialismo".
"Os imigrantes que chegam do Nepal, do Bangladesh e da Índia andam a entregar refeições, a trabalhar na Uber, na apanha do morango, dão o seu suor, estando mal alojados, com más condições e sem verem a família. Isso que acabou de dizer é a mesma narrativa que os nossos emigrantes, na década 70, ouviram", respondeu o vice-presidente da bancada do PS, Pedro Delgado Alves.
De seguida, Pedro Delgado Alves afirmou estar convicto de que aquele tipo de discurso de André Ventura até pode colher frutos internamente mas não "entra" nos emigrantes portugueses, sobretudo os que saíram do país na década 70, porque sabem o que passaram e o que ouviram. "Não olham para estes imigrantes com o desprezo, com a xenofobia com que o senhor deputado olha mas como iguais", assegurou, vincando: "Infelizmente, este discurso está dentro desta casa. Mas aos portugueses das emigrações seguramente não engana".