O PS considera que algumas das propostas anti-crise apresentadas pelo líder do PSD são "redundantes", por abordarem situações que o pacote de apoios do Governo, anunciado para setembro, também vai contemplar. Ao JN, o secretário nacional do PS, Porfírio Silva, referiu que Luís Montenegro avançou "ideias" mas ainda não "propostas" na festa do Pontal, desafiando o PSD a ser mais específico. Para o socialista, "o mais importante" é saber se a presença do ex-primeiro-ministro Passos Coelho na "rentrée" do partido foi "um regresso" ou "uma despedida".
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"Estamos para ver o que isto é", resume Porfírio Silva, um dia após Montenegro ter apresentado um conjunto de medidas transitórias de apoio aos mais necessitados.
Embora tenha admitido ter ficado "satisfeito" por ouvir o PSD falar sobre o que quer para o país, argumentou que, para já, o líder laranja apenas apresentou "ideias" e não "propostas".
"Não é com uns destaques num discurso de Verão que se vê o desenho das medidas", defende Porfírio Silva. Para o parlamentar, é preciso que o PSD explique "como, quando e para quem" se dirigem as medidas, ou ainda que montantes pensam dedicar a cada uma delas e de que modo contam financiá-las.
Porfírio Silva evitou comentar propostas concretas, referindo apenas que algumas são"redundantes" tendo em conta o que o Governo está a preparar. Nesse sentido, não se comprometeu com a aprovação de nenhuma das soluções laranjas, explicando que a "incerteza" gerada pela guerra na Ucrânia obriga a que as medidas anti-crise sejam adotadas"em resposta ao que vai acontecendo".
"Se o PSD está disponível [para apresentar medidas], ainda bem", afirmou Porfírio Silva. Mas, contrapôs, "não é o que tem acontecido até agora". De modo a aferir se os sociais-democratas se reaproximaram do passismo ou estão mesmo "a passar para outra fase", o também deputado espera que o partido clarifique de que lado estão em várias matérias.
"Precisamos de saber se ainda são contra o aumento extraordinário das pensões" e se se encontram ou não "do lado dos especuladores" na questão da energia, referiu Porfírio Silva. O dirigente socialista aludiu ainda ao salário mínimo, acusando o PSD de ter sido "muito crítico" no que toca aos aumentos verificados.
Passos Coelho: "regresso" ou "despedida"?
Mas, para Porfírio Silva, "o mais importante" da festa do Pontal foi a presença de Passos Coelho. Este ato simbólico "pesa mais do que todas as palavras de Luís Montenegro", considera o socialista.
Referindo que o antigo governante prometeu vencer a crise sem austeridade "mas depois cortou tudo e aumentou impostos", Porfírio atira: "Seria interessante saber se a ida de Passos Coelho à festa do Pontal foi um regresso ou uma despedida do antigo primeiro-ministro".
Passos esclareceu que foi à 'rentrée' laranja apenas "dar um abraço a Montenegro", que descreveu como "muito competente" e "uma pessoa bem preparada" para liderar o partido. Também fez votos "de que o esforço que está a ser feito" pelo líder na "reconciliação" e "união" do PSD "possa ser colocado ao serviço do país".
No domingo, Montenegro apresentou um pacote anti-crise para durar entre setembro e dezembro. Afirmou que este custará mil milhões de euros, "um quarto do que o Governo recebe a mais de impostos".
Em concreto, o PSD propõe dois vales alimentares (um, de 40€, para reformados, outro para salários até 1100€) e menos IRS para quem ganhe de 1100€ a 2500€ (quarto, quinto e sexto escalões). Também defende o reforço do abono de família em 10€ e a criação de linhas de apoio às IPSS e pequenas e médias empresas afetadas pela subida do custo da energia.
O líder do PCP, Jerónimo de Sousa, pediu "medidas de emergência" que mitiguem a "degradação acentuada da situação social".