PS assume parque subterrâneo no Rossio projetado pelo PSD se for Governo em Aveiro
Para não causar um impasse jurídico que poderia demorar anos, a coligação VIV"AVEIRO (PS/PAN) assume concretizar a obra de requalificação do Rossio, tal e qual como foi adjudicada pelo atual Executivo camarário (PSD/CDS/PPM) - com o polémico estacionamento subterrâneo incluído -, caso seja eleita Governo nas próximas eleições autárquicas.
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A posição foi deixada clara, segunda-feira, por Manuel Oliveira de Sousa, candidato socialista, no debate promovido pelo JN, que decorreu no Ateneu Comercial do Porto e juntou sete dos oito candidatos à Câmara de Aveiro. Só a CDU faltou.
"A posição da coligação VIV"AVEIRO, para que não fiquem dúvidas, é contra o estacionamento em cave no Rossio. Mas estamos predispostos a ganhar a Câmara e a governar Aveiro e, portanto, não podemos dizer que vai parar tudo e ficar lá um buraco, se chegarmos lá e já estiver o compromisso assumido", explicou Manuel Oliveira de Sousa.
No entender do candidato socialista, "é preciso sensatez", pois parar a obra - que está no segundo mês de execução, mas ainda em trabalhos preliminares - implicaria "ir para tribunal e os aveirenses andarem anos com um buraco parado".
Todos contra menos um
Ribau Esteves, presidente da Câmara em funções e candidato, de novo, pela coligação Aliança com Aveiro, voltou a reiterar que o avanço da obra é irreversível. E rebateu os argumentos dos candidatos do Bloco de Esquerda e do Chega, que alegaram o risco de infiltrações no estacionamento subterrâneo, entre outros motivos, para serem contra a obra.
"A cidade defende-se das alterações climáticas com o sistema de eclusas e comporta [que nivela as águas da ria nos canais centrais], na linha de fora. Não é lá dentro, com mais cave ou menos cave", sublinhou o autarca, dando como exemplos a existência de caves no Fórum Aveiro e no Hotel Meliá. Os restantes candidatos presentes - Paulo Alves, do Nós Cidadãos, Miguel Gomes, da Iniciativa Liberal, e João Pinto, do PCTP/MRPP, também se posicionam contra a empreitada.
Transportes
Os transportes públicos foram outro dos temas debatidos, com Nelson Peralta, do Bloco de Esquerda, a acusar o atual Executivo de estar "a despejar dinheiro público numa empresa privada, para ter um serviço muito pior do que antes", aludindo à concessão de transportes feita, há cinco anos, à Transdev.
Cândido Oliveira, do Chega, exemplificou que "existem freguesias onde não há qualquer transporte a partir das 20 horas". E Paulo Alves, do Nós Cidadãos, sublinhou o facto de haver "transportes das freguesias para o centro, mas não entre freguesias".
"Mais bicicletas elétricas e trotinetas", além de mais conforto nas paragens de autocarros - que "nem placards a anunciar o tempo de espera têm" - são algumas das propostas de Miguel Gomes, da Iniciativa Liberal. João Pinto, do PCTP/MRPP, defende "transportes gratuitos e de luxo para todos".
E Manuel Oliveira de Sousa, do PS, foi um dos candidatos a sustentar a importância de um "transporte intermunicipal, com um cartão único", além de propor "um transporte contínuo, em circulação permanente, que percorra todos os serviços da cidade".
Ribau Esteves adiantou que a Câmara já encomendou um trabalho, com a participação dos cidadãos, através de inquéritos, que tem como objetivo "fazer uma avaliação, para implementar reformas adicionais, ao sexto ano de concessão".
Quanto à criação de uma rede de transportes intermunicipais, frisou o facto de a Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro, à qual preside, já ter "um segundo caderno de encargos pronto para lançar um novo concurso", depois de o primeiro não ter tido interessados.
Discurso direto: Ribau Esteves promete redução de impostos
Ribau Esteves não quis levantar o véu sobre o seu programa eleitoral, que ainda não foi lançado, nem adiantar se pretende baixar o IMI se for reeleito, mas afiançou que a Aliança com Aveiro quer "propor um conjunto de ações que, no seu somatório, vai reduzir os impostos aos aveirenses". Todos os restantes candidatos querem uma redução do IMI, cuja taxa, atualmente, está nos 0,4%.
Manuel Oliveira, do PS, promete baixar o IMI para 0,38%, enquanto Nelson Peralta, do Bloco, assume uma descida para os 0,3%, mínimo permitido por lei. Todos os restantes candidatos defendem, também, a taxa mínima de IMI, apesar de Miguel Alves, da Iniciativa Liberal, ser a favor de "uma redução gradual".
No que diz respeito às políticas de habitação, foram unânimes as críticas ao atual Executivo camarário, referindo-se à falta de habitação a custos controlados, à alienação de imóveis públicos e ao aumento do custo das casas no centro da cidade, com Ribau Esteves a sublinhar que o município tem, "há muitos anos, uma oferta pública de arrendamento social muito forte", com a Câmara a ter 600 fogos à disposição e o Instituto da Habilitação e da Reabilitação Urbana 500.