A maioria socialista rejeitou esta sexta-feira os projetos de lei que propunham apoios e proteção social a vítimas de endometriose e adenomiose, doença que estima-se que afete 230 mil portuguesas. Os três dias de faltas justificadas por mês, propostos pelo Bloco de Esquerda, o certificado de incapacidade recorrente e intermitente, da Iniciativa Liberal, e as propostas de recomendação como a comparticipação de medicamentos específicos ou a proteção na fertilidade chumbaram.
Corpo do artigo
Acabaram por ser aprovadas só mesmo as propostas que o PS apresentou: a criação do dia nacional da Endometriose e Adenomiose, para 1 de março e a recomendação para a constituição de um grupo de trabalho que "elabore uma estratégia nacional de combate à endometriose e adenomiose com vista à deteção precoce e à adoção de medidas de melhoria da referenciação e acompanhamento das doentes".
O grupo deve avaliar "o impacto desta doença ao nível pessoal, profissional e financeiro". No projeto de resolução aprovado, os socialistas propõem que a mesma entidade estude a "eventual inclusão" na lista de "doenças graves que permitem o alargamento da idade para recurso à Procriação Medicamente Assistida". O mesmo projeto fala na "implementação de programas para a sensibilização e informação sobre endometriose e adenomiose na comunidade".
"Um balde de água fria"
A associação que lançou petição e levou o assunto ao Parlamento, a MulherEndo, fala numa votação com sabor amargo. "Tendo em conta o que observámos e a unanimidade de todos os partidos na implementação destas medidas para a Endometriose e Adenomiose, todas estas rejeições foram mesmo um balde de água fria", reage a presidente da MulherEndo - Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose.
Susana Fonseca garante, contudo, que a entidade vai "continuar o trabalho junto dos partidos, da comissão de saúde, tentar chegar ao Governo e ao ministro da Saúde. Vamos bater a todas as portas", garantiu. E mesmo que este 1 de março não seja ainda o dia nacional para evocar a doença, a associação MulherEndo conta assinalar a data.
"Não preparámos nada específico, mas será comemorado. Em março, a 25, teremos uma marcha cuja data foi definida internacionalmente e que vai ocorrer em vários países e também em Portugal", antecipa.