PS e PSD dividem, para já, dois lugares nos círculos eleitorais da Europa e Fora da Europa, respetivamente, com o Chega a alcançar os outros dois lugares, após os resultados revelarem uma votação massiva neste partido na Suíça.
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Paulo Pisco, cabeça-de-lista pelo PS para o círculo da Europa, reúne, até ao momento, votos suficientes para ser reeleito.
Questionado sobre os resultados até agora conhecidos dos emigrantes portugueses nas legislativas de 10 de março, que retiram Augusto Santos Silva (PS) do Parlamento, Pisco disse que o PS "vai ter de trabalhar muito para recuperar os dois deputados que agora perdeu". "Temos de compreender as causas que levaram a esse resultado e trabalhar em alguns dos países em que a votação não nos foi favorável", afirmou à Lusa.
"O PS disputa estas eleições de uma forma muito veemente, muito honrada e houve um equilíbrio entre as diferentes forças. A vitória que o Chega obtém é construída nos mais de 40% de votos que obtém apenas num país, que é a Suíça", acrescentou. "É um resultado estranho e anómalo, mas que temos de compreender as razões desse resultado e, se houver algo que seja preciso esclarecer junto dos eleitores na Suíça, temos de compreender", prosseguiu.
O social-democrata José Cesário, que espera às 19 horas ver confirmada a sua eleição pelo círculo Fora da Europa, lamentou que o seu partido não tenha conseguido recuperar o deputado perdido há dois anos no círculo pela Europa.
Sobre o crescimento do Chega, nomeadamente na Suíça, afirmou que "o poder político socialista descurou totalmente a sua relação com as comunidades, de um modo global. Na Suíça é mais evidente, porque os emigrantes na Suíça são os que mais contribuem para a economia nacional, em rendimento per capita, por pessoa, os que mais remessas enviam para Portugal, têm um contributo impressionante na área turística, no imobiliário".
Estes portugueses estão "sem resposta para os seus problemas, ignorados nos centros de saúde, nas finanças, em tantos serviços públicos, até nas câmaras municipais e sobretudo nos consulados, e decidiram dar um murro na mesa. É uma opção livre deles, desejaria que fosse outra, mas compreendo perfeitamente o seu comportamento e a decisão relativamente ao voto que fizeram".
José Cesário referiu que o seu objetivo e batalha vai ser "a de sempre": "Ter melhores serviços para as pessoas, dar mais direitos aos portugueses que estão fora de Portugal, garantir que a administração pública funcione com mais celeridade, que as pessoas possam ter mais acesso à cultura, à educação, ao ensino do português para os seus filhos".
Carlos Gonçalves (PSD) não conseguiu a eleição para o círculo da Europa e, para já, congratulou-se com "o aumento da votação das comunidades portuguesas".
Gonçalves interpretou a eleição de dois deputados pelo Chega (Europa e Fora da Europa) como "um voto de protesto" e "um sentimento de revolta".
Estranhando a sua tão forte expressão na Suíça, o social-democrata considerou que "é preciso saber quais as razões que levam aquela comunidade a ter um sentimento de revolta e protesto superior aos outros".
Manuel Magno, cabeça-de-lista do Chega para o círculo Fora da Europa, para cuja eleição os resultados até agora apurados apontam, disse que esta sempre foi a sua expectativa.
"A grande demanda que temos para resolver é a situação das comunidades fora da Europa, fora de Portugal. Eu vivo na diáspora, trabalho na diáspora, conheço o dia a dia das comunidades e elas sempre foram tratadas como se fossemos de segunda classe. Não somos", disse à Lusa.
Magno afirmou que pretende dar às comunidades portuguesas o respeito que estas merecem.
Por seu lado, José Dias Fernandes, cabeça-de-lista do Chega pela Europa, que se encontra em Paris, manifestou agrado pelos resultados que, até ao momento, o elegem pelo círculo da Europa, considerando este um resultado "normal", tendo em conta o que durante a campanha encontrou "no terreno".
Telefonicamente, disse à Lusa que a votação que o Chega conseguiu na Europa, principalmente na Suíça, foi um protesto contra a forma como a comunicação social tratou "negativamente" o seu partido. "Já estávamos à espera deste resultado. Andamos no terreno, porta-a-porta há muito tempo", disse.
Chega à frente nas comunidades
O Chega é o partido mais votado pelos portugueses residentes no estrangeiro, quando está apurada a maioria dos consulados (54,17%) e o trabalho de escrutínio dos votos no Centro de Congressos de Lisboa está na reta final.
De acordo com os dados publicados no site da Secretaria Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI), às 18.30 horas, o Chega está à frente com 16,75%, seguindo-se o PS (16,59%) e a AD (14,50%).
No círculo da Europa, o Chega vence com 17,08%, o PS obtém 16,93% e a AD 14,17%.
Fora da Europa, a AD vence com 20,11%, o Chega obtém 11,17% e o PS 10,89%.
No Centro de Congressos de Lisboa, onde desde segunda-feira estão a ser escrutinados e registados os votos dos emigrantes portugueses, a contagem decorre até as 19:00, altura em que deverão estar registados os 334.005 votos recebidos até hoje.
Dados da Administração Eleitoral indicam que estes votos estão a ser registados a uma cadência de 133 boletins por minuto.
A contagem dos votos dos emigrantes portugueses, que fizeram a sua escolha por via postal, termina hoje, revelando os quatro deputados dos círculos da Europa e Fora da Europa.
O escrutínio e registo destes votos dos portugueses residentes no estrangeiro decorre no Centro de Congressos de Lisboa desde segunda-feira, dia em que foram apurados mais de 140 mil votos. Na terça-feira foram contabilizados mais 117 mil.
Os votos que chegaram pelo correio até às 17 de hoje serão escrutinados e registados, num trabalho que durará até às 19 horas.